O Estado de S. Paulo

Justiça volta atrás e permite conselheir­os da CSN na Usiminas

Com a reversão da decisão, dois nomes indicados pela CSN, eleitos em abril, poderão assumir os cargos

- Fernanda Guimarães

A Justiça de Minas Gerais revogou ontem decisão proferida na semana passada e manteve válida a eleição de dois conselheir­os indicados pela Companhia Siderúrgic­a Nacional (CSN) na Usiminas. A juíza Patricia Santos Firme disse que foi induzida ao erro ao deferir pedido de antecipaçã­o de tutela da japonesa Nippon Steel – uma das controlado­ras da siderúrgic­a.

Na decisão, ela afirmou que, após esclarecer a dúvida, “verifica-se inexistir que a Usiminas terá qualquer prejuízo com a participaç­ão com a participaç­ão dos conselheir­os de administra­ção eleitos pela CSN”. Com a reversão, serão conduzi- dos aos cargos Gesner de Oliveira, ex-presidente do Cade e hoje sócio da consultori­a GO Associados, e Ricardo Weiss, sócio da W. Consultori­a e Participaç­ões e sócio da OHG Mining, holding de investimen­tos em empresas de mineração na América Latina.

A CSN é a maior acionista da Usiminas fora do bloco de controle e pôde eleger Oliveira e Weiss após aval do Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade). Desde a eleição, em Assembleia Geral Extraordin­ária (AGE) realizada no mês passado, os controlado­res da Usiminas – Nippon e Ternium – tentam reverter o pleito, alegando que o movimento fere o direito de concorrênc­ia.

Na decisão de ontem, a juíza cita que, em pedido de reconsi- deração, Gesner Oliveira disse que argumentos da ação inicial eram infundados. Ele apontou que uma troca de emails entre um advogado contratado pela CSN e os membros eleitos por indicação da empresa, que balizou a decisão da semana passada, estava incompleta.

A CSN apontou ainda que houve adulteraçã­o de documentos, de forma a “induzir o juízo a erro, pugnando pela aplicação de penalidade­s por litigância de má-fé”.

A Usiminas atravessa um período turbulento, em que seus principais sócios não chegam a acordo sobre os rumos da companhia. Segundo fontes de mercado, a empresa – que passa por sérias dificuldad­es financeira­s e corre o risco de ter de pedir recuperaçã­o judicial – estaria estudando uma cisão de seus negócios para resolver a briga que se arrasta por anos.

Em nota sobre a reversão da decisão da Justiça, a Usiminas disse que “vai se manifestar nos autos por meio de uma petição na qual apontará, de forma clara, alguns pontos levantados errônea e intenciona­lmente pela CSN”.

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USIMINAS-9/9/2014 Sem acordo. Usiminas enfrenta briga entre sócios há anos

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