O Estado de S. Paulo

VW deve ser alvo de ação de fundo norueguês

Perda de fundo soberano com fraude ambiental da montadora é estimada em US$ 559 milhões

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O fundo soberano da Noruega afirmou ontem que informou à Volkswagen sobre sua intenção de entrar em um processo contra a montadora alemã, por causa do escândalo de fraudes em testes de poluentes de veículos da empresa. Com isso, o maior fundo do mundo em ativos entra na longa lista de acionistas e investidor­es descontent­es.

A porta-voz do fundo, Marthe Skaar, anunciou a intenção de participar do processo contra a Volkswagen diante do fato que a montadora forneceu dados incorretos sobre emissões. O fundo notificou a empresa da Alemanha sobre o litígio planejado. A porta-voz disse que o fundo foi informado por seus advogados que a conduta da companhia dá margem a pedidos de indenizaçã­o pela lei alemã. “Como investidor, é nossa responsabi­lidade salvaguard­ar os títulos do fundo na Volkswagen”, acrescento­u.

Um porta-voz da Volks não quis comentar o assunto. O Financial Times foi o primeiro a informar que o fundo norueguês entraria na Justiça no caso.

Exposição. O fundo de petróleo de US$ 852 bilhões disse que possuía US$ 750 milhões investidos na Volkswagen no fim de 2015, após 4,9 bilhões de coroas norueguesa­s (US$ 559 milhões) serem perdidas dessa fatia acionária no terceiro trimestre de 2015, como resultado do escândalo.

Em setembro, a empresa da Alemanha admitiu que fraudou testes de medição de poluentes. No mês passado, a Volkswagen informou que separou 16,2 bilhões para lidar com o escândalo, o que a levou a cortar os dividendos a acionistas e a registrar um grande prejuízo.

Em março, 278 investidor­es, entre eles o Calpers, fundo de pensões públicas da Califórnia, entraram com uma ação na Alemanha, com pedido de cerca de US$ 3,57 bilhões diante do forte recuo da ação da Volks após o escândalo surgir, em setembro.

No mês passado, a Volkswagen separou quase 8 bilhões para recomprar carros a diesel que foram alvo de fraudes nas emissões de poluentes e outros quase ¤ 7 bilhões para mais “riscos legais” no caso.

‘Dieselgate’. Após admitir o uso de um sofisticad­o software em seus carros para enganar os testes de emissões de poluentes, a montadora desencadeo­u um escândalo apelidado na mídia americana de “Dieselgate”, em referência ao “Watergate”, o maior escândalo político dos Estados Unidos.

Com a fraude, a Volkswagen conseguia maquiar que a emissão de carbono de seus veículos chegava a ser 40 vezes maior que o permitido pelas regras americanas. O sistema foi instalado em cerca de 11 milhões de veículos no mundo, sendo 17 mil no Brasil – todos da picape Amarok, importada da Argentina.

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