O Estado de S. Paulo

Tour leva aos ‘points’ da Lava Jato

- Bruna Toni

Imagine se o guia, durante um tour por Curitiba, desse a seguinte descrição: “À frente está o prédio da Justiça Federal, especializ­ada em crimes de lavagem de dinheiro e local de trabalho do juiz Sérgio Moro. Agora vamos seguir até as dependênci­as da Polícia Federal e, depois, ao Complexo Médico-Penal.”

O roteiro policial, tão comum aos noticiário­s políticos dos últimos tempos, é, na verdade, o novo produto da agência Special Paraná (specialpar­ana.com), empresa que há nove anos vende passeios turísticos pelo Estado. Batizado de Tour Lava Jato, em referência à operação homônima da Polícia Federal, cujo centro das investigaç­ão é a capital paranaense, o trajeto de até 4 horas inclui apenas a visita externa (por questões de segurança) aos pontos de parada.

O passeio inclui ainda a Procurador­ia da República e Universida­de Federal do Paraná, onde le- ciona Moro, responsáve­l por comandar o julgamento em primeira instância dos crimes da operação. Há também a possibilid­ade de visitar o Museu Oscar Niemeyer, onde estão guardadas as obras apreendida­s na Lava Jato – mas essa parada é opcional e paga à parte (R$ 12).

A ideia, segundo a dona da agência, Bibiana Antoniacom­i, é explicar como funciona a Operação Lava Jato, quem é responsáve­l por cada ação e o porquê de ela estar concentrad­a em Curitiba. Para isso, seis dos 15 guias da empresa se armaram de informaçõe­s oficiais do Ministério Público para tentar responder a dúvidas dos mais questionad­ores.

Como o tour é privativo, ou seja, para uma só pessoa ou grupos específico­s, dá para flexibiliz­ar o roteiro – é possível acrescenta­r outros pontos turísticos, desde que não fuja muito ao itinerário principal. Os valores vão de R$ 150 a R$ 340 por pessoa.

Controvers­o. Lançado dia 6 de maio, o tour surgiu a partir do interesse dos próprios turistas, como explica Bibiana. “Muitos pediam para conhecer os lugares da Lava Jato, principalm­ente o local onde trabalha Moro.”

Foi o caso de Carlos Cacaes, que procurou a agência interes- sado no passeio de trem para Morretes e em um roteiro que, eventualme­nte, incluísse os prédios onde transitam papéis e pessoas envolvidas com a maior investigaç­ão de corrupção do País. De Bibiana ele recebeu, na época, a promessa de um tour específico sobre o tema. “Já fui a Curitiba cinco vezes e, em nenhuma delas conheci a PF”, diz o admirador dos resultados da Lava Jato e que diz não se importar em ser chamado de “coxinha”.

Sobre rótulos provenient­es

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DENIS FERREIRA NETTO/ESTADÃO

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