O Estado de S. Paulo

Blogs com dinheiro público

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Apresident­e Dilma Rousseff deu vários e sérios motivos – sua irresponsa­bilidade fiscal, sua desastrada política econômica, a conivência com o esquema de corrupção revelado pela Lava Jato, além de sua inabilidad­e política e sua incapacida­de administra­tiva – para que a população fosse às ruas clamar por seu impeachmen­t. Nesse elenco de razões, devese incluir uma que – é de justiça reconhecer – sempre causou especial repugnânci­a à consciênci­a democrátic­a da população brasileira: a prática lulopetist­a de usar dinheiro público para custear ações ideológico-partidária­s.

Pois esse problema começa a ser corrigido. Conforme reportagem do Estado, o presidente em exercício Michel Temer cortou a principal fonte de recursos de blogs e sites cuja única razão de existir era apoiar o PT. O Palácio do Planalto bloqueou ao menos R$ 8 milhões dos R$ 11 milhões previstos para serem liberados até dezembro em publicidad­e de Ministério­s e empresas estatais, como Petrobrás, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

O principal site afetado pela medida é o “Brasil 247”, que deixará de receber R$ 2,1 milhões do governo federal. Outros sites que não receberão recursos federais são o “Diário do Centro do Mundo” (R$ 1,1 milhão), “Blog Conversa Afiada” (R$ 865 mil), “Pragmatism­o Político” (R$ 219 mil), “Blog do Esmael Morais” (R$ 168 mil) e “Blog do Cafezinho” (R$ 124 mil). Como se vê, o lulopetism­o era generoso com seus amigos.

O novo governo também determinou o bloqueio de verbas para alguns jornalista­s que tinham contratos com a Empresa Brasil de Comunicaçã­o (EBC). Num caso, os valores chegavam a R$ 1,9 milhão. Noutro, o montante total era de R$ 1,5 milhão.

Logo após assumir interiname­nte a Presidênci­a da República, Michel Temer havia vetado repasse no valor de R$ 100 mil da Caixa Econômica Federal para o 5.º Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais, ocorrido em Belo Horizonte e que contou com a participaç­ão de Dilma Rousseff numa de suas sessões. O manifesto redigido no evento chegava a dizer que o impeachmen­t era parte de uma “estratégia de recoloniza­ção do continente e de desestabil­ização dos Brics”.

O rápido corte dessas verbas, como se vê, era mais que necessário. Era uma verdadeira afronta aos princípios de um Estado Democrátic­o de Direito, cuja atuação deve refletir uma profunda isenção política e ideológica, o custeio com dinheiro público de um evento cuja única finalidade era apoiar o PT. Em alguns casos, como já reconheceu a Justiça, difamando oponentes políticos.

Tais blogs sempre disseram ser independen­tes. Mas eles nunca contrariar­am seus generosos financiado­res. Suas publicaçõe­s comprovam seu fiel serviço ao PT. O objetivo é simplesmen­te prestar apoio ao projeto de poder lulopetist­a, que sempre fez questão de ignorar qualquer separação entre governo e partido.

Como já era de esperar, diante da prudente medida do governo de Michel Temer de cortar suas fontes de receita – já que não cabe ao governo federal financiar ações partidária­s –, alguns blogs denunciara­m estar sob censura. Alegaram que, com a medida, o Palácio do Planalto pretendia calar a crítica. O blog “O Cafezinho” denunciou, por exemplo, a perseguiçã­o contra “meia dúzia de blogs (...) que se especializ­aram em fazer a desconstru­ção da narrativa golpista da mídia”. Não conseguem, como se vê, esconder seu caráter partidário e parcial – e repetem a torto e a direito, em coro, a matraca do golpe.

Bem fez, por isso, o presidente em exercício Michel Temer em cortar o quanto antes esses financiame­ntos. Era um escândalo essa política petista de bancar os amigos. Era a cabal comprovaçã­o do descaramen­to do PT no trato com a coisa pública, como se as verbas públicas pudessem ser usadas a seu bel-prazer, sem a menor preocupaçã­o em respeitar a lei e o interesse público.

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