O Estado de S. Paulo

Propostas enfrentam resistênci­as

- Eduardo Rodrigues

Em um mês no cargo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já se deparou com várias resistênci­as políticas e técnicas às propostas apresentad­as para tentar destravar a economia. Além do limite ao cresciment­o dos gastos, cujo projeto deve ser encaminhad­o ao Congresso esta semana, também surgiram resistênci­as à ideia de reformar a Previdênci­a e ao plano de o BNDES devolver R$ 100 bilhões emprestado­s pelo Tesouro Nacional.

A proposta apresentad­a de negociação da dívida dos Estados também não foi bem recebida pelos governador­es. Mas, apesar de algumas decepções, a avaliação geral de especialis­tas é de que o começo foi positivo.

Para o ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamen­to, Raul Velloso, é normal que um novo governo precise de tempo para apresentar propostas estruturad­as, mas gerou incômodo a diferença de três semanas entre o anúncio do plano de limitar os gastos do governo, no dia 24 de maio, e o detalhamen­to da medida.

A economista-chefe da XP Investimen­tos, Zeina Latif, lembra que Meirelles já precisou ceder à ala política do governo Temer, com a flexibiliz­ação do rigor da medida para as despesas com saúde e educação, além de limitar a duração da regra, que o ministro inicialmen­te queria de forma perene. “É importante que as regras discipline­m a evolução do gasto por mais tempo. Se for por apenas três ou cinco anos, será uma medida inócua”, avalia a economista.

Vitória e derrota. De concreto nesses primeiros 30 dias, Meirelles conseguiu a aprovação da nova meta fiscal de 2016, com déficit de R$ 170,5 bilhões. A vitória no Congresso, no entanto, foi seguida de uma “derrota” da Fazenda com aprovação na Câmara do reajuste dos salários de várias carreiras do funcionali­smo federal, com forte impacto nos cofres públicos.

Para o analista da corretora Rico, Roberto Indech, é preciso esperar pelo menos mais dois meses para se fazer um balanço justo do início da gestão Meirelles. “O ex-presidente Itamar Franco teve três ministros da Fazenda em oito meses. É preciso dar tempo para as pessoas realizarem o trabalho. Até a votação do impeachmen­t no Senado, muita coisa deve ficar em compasso de espera”, diz.

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