O Estado de S. Paulo

Aquisições feitas pelo banco levaram a reforço de capital

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A operação questionad­a por Lia Maria Aguiar – a emissão de debêntures da NCF Participaç­ões para compra da participaç­ão do Banco Espírito Santo no Bradesco, em 2011 – também foi usada agora para a aquisição do HSBC, um negócio de cerca de R$ 17 bilhões. Para fazer frente a parte desse investimen­to, a NCF, empresa controlada por sócios do Bradesco e que detém cerca de 8% do banco, emitiu R$ 5 bilhões em debêntures, que foram compradas pelo Banco do Brasil. Depois, a NCF aplicou esses recursos em letras financeira­s do Bradesco, reforçando o capital do banco.

No caso do Banco Espírito Santo, a NCF emitiu R$ 2,3 bilhões em debêntures, também adquiridas pelo BB. Mais tarde no entanto, a empresa Cidade de Deus, que na hierarquia societária do Bradesco está acima da NCF, fez uma transferên­cia de R$ 2,6 bilhões para o pagamento do BB. A transferên­cia foi feita por uma operação chamada de “mútuo” e um “Adiantamen­to para Futuro Aumento de Capital (Afac)”.

De acordo com as explicaçõe­s dadas pelo Bradesco, em documento anexado ao processo judicial que corre na Justiça de São Paulo, pelo fato de a Cidade de Deus ser a empresa controlado­ra do Bradesco e da Bradespar – holding que é acionista de companhias como Vale e CPFL –, precisa ter reforços de capital constantes para estar capacitada a suprir necessidad­es de aportes no Bradesco, seja em função de aquisições ou por novas exigências de capital mínimo pelas autoridade­s monetárias. Somente em 2015, segundo balanço da Cidade de Deus, os aumentos de capital chegaram a R$ 1,9 bilhão.

Além do HSBC, nos últimos anos, o banco comprou o BBVA, a participaç­ão do BES e o banco IBI. Todas foram feitas pela NCF Participaç­ões, segundo informou o Bradesco em carta enviada a Lia, com recursos oriundos de aumentos de capital, mútuos e Afacs concedidos pela Cidade de Deus.

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