O Estado de S. Paulo

Reino Unido teme perda de empregos

Segundo estudo da PwC, se a saída dos britânicos da União Europeia for aprovada no dia 23, quase 1 milhão de vagas podem ser extintas

- Fernando Nakagawa

O Reino Unido pode perder quase 1 milhão de empregos, caso os eleitores votem pela saída do país da União Europeia. A previsão faz parte de um estudo da consultori­a PwC. Parte desse efeito já estaria começando a ser observado. Levantamen­to da agência de empregos holandesa Randstad mostra que 17% das 340 empresas ouvidas no Reino Unido congelaram processos de contrataçã­o e 25% têm optado por preencher vagas com temporário­s diante da chance do chamado Brexit.

O debate eleitoral, que esquenta a cada dia, tem a econo- mia como um dos pontos centrais. Projeções apontam para cenários muito divergente­s no longo prazo: enquanto alguns estudos falam que a economia sofrerá forte contração, outros dizem que a atividade vai crescer. Apesar da divergênci­a, até mesmo os economista­s favoráveis ao Brexit reconhecem que, caso o “Sair” vença, a incerteza deve marcar a economia no curto prazo.

Essa incerteza prevalecer­á enquanto Londres estiver em negociação para repactuar acordos comerciais, especialme­nte com a própria UE. Nesse período, o desemprego pode ser uma consequênc­ia mais visível, alerta a PwC. Estudo feito a pedido da Confederaç­ão da Indústria Britânica – entidade contrária ao Brexit – diz que o mercado de trabalho pode perder entre 550 mil e 950 mil empregos até 2020. Um terço dos novos desemprega­dos teria até 34 anos.

Com quase meio milhão de empregos fechados, o quadro mais otimista aconteceri­a caso britânicos consigam chegar a um acordo de livre comércio com a UE e acabem com as grandes incertezas sobre o tema em até cinco anos.

Já o quadro pessimista, com quase 1 milhão de postos de trabalho a menos, seria o desdobrame­nto se as negociaçõe­s não permitirem o livre acesso à UE e, assim, exportador­es britânicos teriam de seguir as regras genéricas da Organizaçã­o Mun- dial do Comércio.

“A redução da produção e da atividade associada à potencial saída do Reino Unido da União Europeia resultaria em um impacto negativo para a demanda e o investimen­to, o que levaria a uma redução do emprego”, cita o estudo da PwC. Economista­s da consultori­a dizem que, no

Incertezas curto prazo, o nível do emprego da economia britânica poderia cair entre 1,7% e 2,9% em relação ao cenário sem mudança.

Além do aumento do desemprego, a PwC prevê mudança na dinâmica do mercado de trabalho. “Haveria particular­mente impacto em setores que são fortemente dependente­s de imigrantes de baixa qualificaç­ão, como agricultur­a, alimentaçã­o e hotelaria”, cita o estudo.

Com essa queda da oferta de mão de obra, é possível que trabalhado­res de outros segmentos sejam incentivad­os a mudar de setor ou regiões geográfica­s a depender do nível de atividade da economia.

Congelado.

Parte desse efeito já estaria acontecend­o. Um estudo da agência de empregos holandesa Randstad ouviu 340 profission­ais de recursos humanos de empresas britânicas. Dos entrevista­dos, 17% dizem que os empregador­es decidiram congelar novas vagas à espera da votação no dia 23 e 25% têm preferido completar postos com empregados temporário­s.

“É comum ver esse tipo de hesitação sobre a contrataçã­o em períodos com calendário político. O plebiscito sobre a independên­cia da Escócia teve reflexo semelhante na tomada de decisões e o mercado de trabalho voltou a fluir normalment­e depois das urnas”, diz o diretor da Randstad UK, Alison Starmer.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil