O Estado de S. Paulo

‘Indústria 4.0’? Nenhum negócio, ou carreira, ficará longe dela

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É melhor se acostumar com a expressão “indústria 4.0”. Em bem pouco tempo, a evolução de qualquer negócio, a projeção de carreira ou toda gestão de pessoas irá topar não só com estas palavras, mas com os efeitos dela. E quem acha que está longe disso, porque trabalha em “outro setor”, está apenas mal informado.

Também adianta pouco re- petir que este “assunto” não é, ainda, o caso brasileiro. Erro grave. Estudo da Confederaç­ão Nacional da Indústria, divulgado pelo Estado (edição de 14/05, pág. B14) mostrou que 48% das indústrias utilizam ao menos uma tecnologia digital desse ciclo. A pesquisa foi feita com 2.225 empresas de todos os tamanhos.

“Indústria 4.0” significa o passo seguinte da automação industrial e refere-se a novo processo de decisão sobre produzir qualquer coisa. A máquina, que antes esperava comando humano para trabalhar, agora se conecta sozinha com outras máquinas, e “conversa” até com o consumidor final do seu produto (internet das coisas aparece aqui) para começar a produzir, tudo via web.

A decisão mudou de dono, combinando tecnologia e ampla captação de dados. Aqui entra o big data. A produção avança ou recua a partir do conjunto de informaçõe­s rece- bidas. Resultado: a produtivid­ade cresce muito e os custos operaciona­is despencam.

A dinâmica vai muito além de só fabricar o que vendeu. Trata-se de customizar toda estrutura de produção. O alvo é abrir caminho, ininterrup­to, às novas tecnologia­s. Na “indústria 4.0” não existe chiliques contra novos sistemas e muito menos saudosismo­s imobilizad­ores.

A lógica da “indústria 4.0” já foi além dos que “vivem na fábrica” e chegou a toda prestação de serviço, por exemplo. O que está em jogo é o novo processo de decisão para integrar cadeias de produção, seja do que for. Nenhum negócio ou empresa ficará de fora.

The Economist (16/10/2015) mostrou que todo mês 190 milhões de pessoas buscam atendiment­o médico no site WebMD, número superior ao de consultas presenciai­s com médicos nos EUA no mesmo período. Ou, que na Apple Store, depois dos games, apps educaciona­is são os mais vendidos.

A “indústria 4.0” exige pensar competênci­as e habilidade­s, na escola e na empresa, de outra forma. Reprograma­r o formato que temos de gestão de pessoas parece obrigatóri­o. Fazer de conta que a mudança não existe é inútil. Em qualquer canto do mundo. E em qualquer nível hierárquic­o.

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DIVULGAÇÃO/PUC

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