‘Fico inconformada com pessoas que não têm um plano B’
Gestora de carreiras aponta necessidade de o trabalhador planejar alternativas profissionais
Gestora empresarial e de carreiras, Andrea Deis aponta que há um movimento na direção da prestação de serviços como autônomo, como pessoa jurídica (PJ), ou como microempreendedor e que podem ser uma alternativa para quem perdeu o emprego.
“Fico inconformada com pessoas que não criam um plano B. Faço questão que todos os meus clientes tenham um plano B, mesmo que estejam no mercado formal”, diz.
Tornar-se um prestador de serviço pessoa jurídica (PJ) foi a saída encontrada pelo hoje di- retor da SAS Stup Sistemas de Protensão, Otávio Antônio Trindade Pepe, se manter no mercado. Ele conta que ao ser demitido da Nemetschek do Brasil, companhia europeia de softwares para engenharia e arquitetura, iniciou contato com a alemã SAS, que procurava um executivo para implantar a filial no Brasil. “Ao iniciar as tratativas precisei apresentar um plano de viabilidade apontando o que seria necessário para abrir a operação. A diretoria, no entanto, ficou surpresa com o custo de um funcionário no País.”
A organização recuou, ele conta, ao saber que teria de pagar benefícios como 13º salário e férias remuneradas, que não existem na Alemanha. Enquanto as negociações continuaram, Pepe tocou dois projetos como autônomo. “Com esses trabalhos consegui me manter no mercado até a minha entrada na SAS, em 2014.”
Ele afirma que para conquistar a vaga, a sua proposta de atuar como prestador de serviço pessoa jurídica foi determinante. “Hoje, temos sete funcionários com faixa salarial mais baixa que são contratados como CLT, mas os nossos serviços financeiro e contábil, por exemplo, são terceirizados. Es- ta é, sem dúvida uma saída que ajuda a baratear os custos da empresa e uma alternativa para quem está desempregado.”
O diretor conta que no antigo emprego, ocupava a função de gerente comercial. “Agora, além da possibilidade de em tempo de crise estar conseguindo viabilizar a atividade da empresa no Brasil, também dei um upgrade em minha carreira e consegui aumentar o valor líquido que recebo.” Ele tem um salário fixo e parte variável em função do resultado da empresa.
No início, ficou inseguro com esse modelo de atuação. “Com o tempo, aprendi a me regrar. Hoje, tenho previdência privada e faço reserva para cobrir necessidades futuras.”
Com relação àqueles que optam por se tornarem autôno- mos, a gestora Andrea recomenda: esse profissional tem de aprender a controlar a ansiedade quando um projeto está chegando ao final.
“Com o tempo, conforme ganha autoconfiança e desenvolve a capacidade de gerir a própria vida, ele e se sente mais seguro. Claro que não deve esperar terminar um projeto para buscar outro. Dá para tocar vários conjuntamente.”
O pulo do gato neste modelo de atuação, segundo ela, é saber gerir o tempo, ter paciência e disciplina. “É imprescindível. Tem também de controlar o senso de liberdade. Se achar que poderá ir à academia, ao shopping e almoçar na casa da mãe, não vai dar certo. A qualidade e a prioridade de seu tempo são o grande pulo para se manter neste novo mercado.”