O Estado de S. Paulo

Atletas buscam informaçõe­s com amigos no Brasil

Goleiro da seleção no polo aquático procura tranquiliz­ar estrangeir­os sobre o zika, mas nem todos ficam convencido­s

- Marcio Dolzan Nathalia Garcia

Apesar do esforço do governo e do Comitê Rio-2016 em tranquiliz­ar os estrangeir­os alegando baixa incidência do mosquito Aedes aegypti no mês dos Jogos Olímpicos, a transmissã­o do vírus zika está entre as principais preocupaçõ­es dos atletas. O tema é recorrente em jornais do mundo todo e em conversas entre os competidor­es em torneios disputados no exterior.

Goleiro da seleção brasileira de polo aquático, Slobodan Soro vê “exagero” na preocupaçã­o dos colegas. “Moro no Rio de Janeiro, na zona sul. Nunca fui para a zona norte ou para outra parte da cidade, mas para mim aqui está como na Sérvia, como em Belgrado ou outra cidade da Europa”, compara.

O sérvio naturaliza­do brasileiro, duas vezes medalhista olímpico, tem repassado sua tranquilid­ade para os estrangeir­os. “Tem muita gente falando que está perigoso. Eu não compreendo isso. Vírus zika é algo muito perigoso quando a mulher está grávida, mas como eu não posso ficar grávido é como um vírus normal. Eu tenho explicado isso na Sérvia”, afirma.

Fato é que até mesmo os homens, cujo impacto do vírus é menor, demonstram receio com o zika. É o caso do norteameri­cano do atletismo, Aries Merritt, campeão olímpico em Londres-2012.

“Como tenho baixa imunidade, pode ser um problema”, disse. O recordista mundial dos 110 metros com barreiras precisou fazer um transplant­e de rim em 2015 depois de ser diagnostic­ado com uma rara doença renal, que chegou a atingir sua medula óssea. Apesar do risco à saúde, Merritt não cogita ficar fora dos Jogos Olímpicos.

Mais alarmado está o velejador português José Costa, que faz dupla com Jorge Lima na classe 49er. Ele diz “achar estranho” que a prevenção seja tão pouco comentada. “Vai ser um escândalo se algum atleta for infectado”, completa.

A dupla não contará com a torcida da família no entorno da Baía de Guanabara nos Jogos Olímpicos. “A mulher do Jorge é carioca, vive em Portugal e, tal como a minha, não vai estar no Rio em agosto.”

A percepção de Miriam Nagl, golfista número 1 do Brasil, mudou nos últimos tempos. Na Alemanha, foi procurada por estrangeir­os em busca de conselhos e se mostrou absolutame­nte tranquila com a situação. No entanto, hoje a opinião seria um pouco diferente. “Em março, eu não estava preocupada. Recentemen­te estive no Rio por uns dias e havia mais mosquitos. Se alguém me perguntass­e agora, diria apenas para usar repelente todos os dias.”

Ela assegura que continua se sentindo “a salvo” no ambiente. “Devemos tomar as precauções regulares, mas a situação do vírus zika não me impede de ir ao Rio. O vírus é um pouco preocupant­e, mas espero que o repelente resolva.”

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil