O Estado de S. Paulo

Limpeza da baía e mobilidade preocupam

Maior parte dos locais de disputa precisa de pequenas obras; velódromo ainda não está concluído

- Marcio Dolzan / Nathalia Garcia

O velódromo é a única instalação olímpica que oficialmen­te ainda não está concluída – a promessa mais recente da prefeitura do Rio é que a estrutura seja entregue este mês, sem data confirmada. Na prática, a maior parte dos locais de disputa ainda carece de pequenas obras a menos de dois meses da Olimpíada. Há, ainda, aquelas que não ficarão nem perto do prometido na candidatur­a do Rio. O melhor exemplo é a Baía de Guanabara.

Sede das competiçõe­s de vela, a baía recebe despejo de esgoto diariament­e. Segundo o governo do Estado, 51% dele é tratado atualmente – no dossiê de candidatur­a, falava-se em 80% até os Jogos do Rio.

O português José Costa (na foto) velejou duas vezes no local, a última delas no mês passado. E mostrou bastante insatis- fação com as condições encontrada­s. “A água da Baía de Guanabara c onti nua imunda. Plásticos, eletrodomé­sticos e latas, tudo aparece naquela água”, critica.

“O lixo pode ditar o resultado em um campeonato que leva anos de treinament­o. Fora as doenças a que todos os atletas ficarão expostos numa altura em que, devido ao esforço físico, o sistema imunológic­o pode estar mais fragilizad­o.”

Do “outro lado da cidade”, o Complexo de Deodoro está no centro da inquietaçã­o do hipismo. Pedro Veniss, da equipe brasileira de saltos, diz que o atraso nas obras do Centro Olímpico de Hipismo repercutir­am na Europa. “Eles estão preocupado­s com algumas notícias de que as obras em Deodoro estavam atrasadas. A gente tenta passar t r a nquili dade porque no Brasil é tudo um pouco na última hora, mas sai tudo bem”, afirma.

O cavaleiro, que mora na Bélgica, também foi perguntado sobre o deslocamen­to até o local. Como o Complexo de Deodoro fica a 25 km da Vila dos Atletas, o trânsito poderá gerar complicaçõ­es. “Pelas instalaçõe­s serem mais longe, a preocupaçã­o deles era se ia demorar para chegar em Deodoro ou se daria para a gente trabalhar os cavalos de manhã, voltar para descansar e depois ir para a competição.” Pedro, por outro lado, acredita que as faixas reservadas serão suficiente­s para evitar transtorno­s. A es- trutura também gera dúvidas no ciclismo. “As seleções vieram buscar auxílio da minha parte. A preocupaçã­o foi com os locais de treinament­o. No mountain bike, a gente precisa de variedade, não tem como fazer preparação só na pista olímpica”, explica Henrique Avancini, que mora na Itália.

O brasileiro acredita que os conselhos, o evento-teste e as visitas ao Brasil têm ajudado a acabar com a inseguranç­a. E enfatiza: “Em momento nenhum eu soube de alguém do mountain bike que cogitou ou colocou em dúvida a vinda para os Jogos por qualquer problema.”

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JOÃO FERRAND

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