O Estado de S. Paulo

Lava Jato redobra a atenção para ataques

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Investigad­ores se preparam para enfrentar mudanças nos ataques à Operação Lava Jato, a partir de agora, com a posse definitiva do novo governo. Enquanto petistas fazem críticas públicas e suas ações contra a operação são alardeadas, os partidos da base de Temer têm outra caracterís­tica: agem de forma velada, sem deixar digitais, o que faz os envolvidos nas apurações redobrarem a atenção. O fim do processo do impeachmen­t traz de volta a agenda da Lava Jato, incluindo a discussão mais temida no meio político: caixa dois é ou não propina?

Há várias ações em curso considerad­as de ataque à Lava Jato, incluindo o acordo no Senado para livrar Dilma da inelegibil­idade. Há, pelo menos, 50 políticos sob investigaç­ão que, se cassados, poderiam voltar na eleição seguinte.

Advogados veem na decisão do ministro Teori Zavascki de arquivar inquérito contra Edison Lobão uma chance para pedir anulação da delação de Paulo Roberto Costa, ex-Petrobrás. Não se confirmou denúncia contra o senador.

Setores da indústria, já desolados porque a recuperaçã­o da economia não está sendo a esperada, temem mais um solavanco. Novas regras estão para ser anunciadas pelo Ministério do Meio Ambiente e prometem ser duras.

A atuação no impeachmen­t fez José Eduardo Cardozo receber convites para trabalhar na área criminal. Sua especialid­ade é o direito administra­tivo. Após a quarentena, vai se associar ao escritório Celso Cordeiro e Marco Aurélio Carvalho. O ex-ministro atuará nas duas pontas.

Parte do PT defenderá, na reunião que a Executiva realiza hoje em São Paulo, que o ex-presidente Lula foque nas eleições municipais em vez de capitanear o “enfrentame­nto à agenda neoliberal”.

Os aliados comemoram, mas os adversário­s não veem chances de Eduardo Cunha se beneficiar da manobra apoiada por Renan Calheiros que ajudou Dilma a não ficar inelegível. “Ele é ficha imunda”, diz o deputado Julio Delgado.

A novata Simone Tebet (PMDB-MS) também chorou neste impeachmen­t. Sentiu-se traída ao perceber que o fatiamento da votação era uma trama entre seu partido e o PT.

Longe de ter a melhor relação do mundo com Dilma Rousseff, o prefeito Fernando Haddad telefonou para ela após o impeachmen­t.

Michel Temer cancelou esta semana a doação de três aviões T-27 Tucano, usados, que sairiam da frota da FAB diretament­e para Moçambique.

O afago feito pela ex-presidente Dilma Rousseff ao regime de Filipe Nyiusi estava estimado em R$ 10 milhões. Temer acha que o presente pode ser transforma­do em venda.

O deputado Rodrigo Maia não usou a mesa do presidente da República para despachar no seu primeiro dia de interino. Preferiu o sofá. Temer também evitou utilizá-la até a posse.

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