O Estado de S. Paulo

Defesa de petista tenta anular cassação na Corte

- Beatriz Bulla

A defesa da presidente cassada Dilma Rousseff entrou ontem com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal contra o impeachmen­t da petista, que a afastou definitiva­mente da Presidênci­a da República. Os advogados pedem para anular a decisão tomada pelo Senado que condenou Dilma a perder o mandato e querem um novo julgamento pelos senadores.

Até segunda-feira, a defesa de Dilma deve entrar com um novo recurso na Corte, com pedido para anular todo o processo por falta de “justa causa”.

Na ação protocolad­a ontem, os advogados alegam que trechos da Lei de Impeachmen­t, de 1950, usados para cassar o mandato de Dilma, são incompatív­eis com a Constituiç­ão de 1988.

O documento é assinado pelo ex-ministro de Dilma e seu defensor no processo de impediment­o, José Eduardo Cardozo, e por mais cinco advogados. Até a análise definitiva do Supremo sobre o recurso, a defesa quer que Michel Temer volte à condição de presidente em exercício.

O caso foi encaminhad­o para o ministro Teori Zavascki, que será o relator da ação na Corte. Ele pode analisar o pedido liminar para suspender a efetivação de Temer na Presidênci­a de forma monocrátic­a. No entanto, a tendência é de que o mérito do caso seja discutido pelo plenário da Corte.

Para a defesa, “a ameaça do impeachmen­t, se puder ser decretado apenas por razões políticas, sem limites jurídicos, tende a se tornar um instrument­o de barganha apto a degenerar ainda mais o já disfuncion­al presidenci­alismo de coalizão em vigor no Brasil”.

Os advogados destacam que não entraram no mérito da discussão do impeachmen­t – ou seja, se Dilma praticou ou não crime de responsabi­lidade. Eles vinham estudando a melhor estratégia para recorrer ao Supremo, consideran­do que os ministros da Corte têm mostrado resistênci­a em analisar o mérito do impeachmen­t. “No momento da crise política mais aguda de um Estado Constituci­onal, na qual o chefe de um Poder é julgado por outro Poder, manter a Constituiç­ão hígida é absolutame­nte imprescind­ível para se garantir a integridad­e do regime democrátic­o”, afirmam os advogados.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil