O Estado de S. Paulo

Aliados de Cunha querem adiamento de votação

Deputados defendem que Câmara aguarde decisão do Supremo sobre o fatiamento do processo de impeachmen­t de Dilma para evitar possíveis nulidades

- Igor Gadelha

Aliados do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) defendem que o pedido de cassação do peemedebis­ta só seja votado na Câmara após o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar as ações que devem ser protocolad­as pelo PSDB, DEM e PPS hoje, questionan­do o fatiamento da votação do impeachmen­t da presidente cassada Dilma Rousseff. O julgamento ainda não tem previsão de data.

A justificat­iva é de que é preci- so esperar a Corte resolver a questão para evitar possíveis nulidades do processo contra Cunha. O adiamento, porém, pode beneficiar o deputado afastado, pois aumenta as chances de a cassação só ser votada após as eleições de outubro, quando seria mais fácil para os deputados votarem abertament­e a favor do peemedebis­ta, sem temer prejuízos eleitorais.

“Tem que esperar. O julgamento só pode acontecer depois que o Supremo pacificar essa questão”, afirmou o deputado Carlos Marun (MS), vice-lí- ’Cautela e segurança’ der do PMDB e aliado de Cunha. “Entendo que, por cautela e segurança constituci­onal, o prudente seria aguardar uma decisão do STF”, disse o líder do PSD, Rogério Rosso (DF), tam- bém aliado do peemedebis­ta.

Tanto para aliados quanto para adversário­s de Cunha, a decisão do presidente do STF, Ricardo Lewandowsk­i, de aceitar votar em separado o impeachmen­t e a inabilitaç­ão para o serviço público de Dilma criou um “precedente” para a votação da cassação do deputado afastado. “Ou vale para todo mundo ou não vale para ninguém”, afirmou o líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB).

Precedente. O adiamento da votação da cassação de Cunha, porém, não é consenso entre os aliados do deputado afastado. Em reservado, alguns defendem votar a perda de mandato de Cunha logo, para tentar emplacar o precedente do Senado, antes de a Corte decidir definitiva­mente sobre a questão. No entanto, caso o Supremo desfizesse o precedente criado, a votação da cassação poderia se tornar nula no futuro.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também concorda que a decisão do STF em relação ao impeachmen­t abriu um precedente, mas rea- firmou ontem que vai manter a votação da cassação de Cunha para 12 de setembro.

Parecer. Técnicos da Câmara ouvidos pelo Estado avaliam que o fatiamento da votação do impeachmen­t não cria precedente para a votação de cassação de Cunha. Lembram que a habilitaçã­o para o serviço público de Dilma pode ser votada separadame­nte no Senado, porque ela já constava no parecer que estava sendo votado. Ou seja, não foi incluída por meio de um texto novo.

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