Marcha contra o chavismo lota ruas de Caracas; oposição convoca ‘luta final’
A coalizão opositora venezuelana Mesa de Unidade Democrática (MUD) reuniu ontem centenas de milhares de pessoas nas ruas de Caracas no maior protesto de massa em anos contra o chavismo. Os manifestantes pediram rapidez na convocação de um referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro e reclamaram da falta de alimentos, remédios e da inflação galopante no país.
Diante do sucesso da marcha, que segundo a MUD reuniu 1 milhão de pessoas, novos protestos foram convocados para os dias 7 e a 14. A manifestação ocorreu pacificamente, com exceção de episódios esporádicos de violência entre a polícia e militantes. O chavismo se reuniu em um ponto da cidade, em menor número. Ali, Maduro voltou a fazer ameaças contra a oposição. ( mais informações nesta página)
“Mostramos ao mundo o tamanho da Venezuela que quer mudanças. Convocamos uma nova mobilização para o dia 7”. disse o secretário-executivo da MUD, Jesús “Chúo” Torrealba. Ele também pediu que os venezuelanos aderissem a um panelaço programado para a noite de ontem.
Outro protesto foi convocado para o dia 14 – está previsto para ocorrer em todas as capitais dos 24 Estados venezuelanos. Segundo a coalizão da oposição os manifestantes devem tomar as ruas dessas cidades por ao menos 12 horas.
“Hoje é o começo de uma etapa definitiva de luta”, acrescentou Torrealba. “Todos os venezuelanos estamos mobilizados para exercer nosso direito constitucional de protestar para mudar de maneira pacífica e democrática.”
A MUD pressiona o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a fixar a data da segunda fase do referendo revogatório. Segundo o cronograma divulgado pelo Tribunal, cujos juízes foram nomeados pelo chavismo, a votação só ocorreria em 2017. Com isso, mesmo em caso de vitória da oposição, pela Constituição, Maduro seria substituído pelo vice, também chavista.
Após ter sido acusado pela MUD de intimidação nos últimos dias, o chavismo tentou diminuir o impacto da marcha opositora. Maduro declarou que os opositores reuniram “apenas” 30 mil pessoas.
Pressão. Vestidos de branco e cantando “Vai cair, vai cair, esse governo vai cair” milhares de venezuelanos tomaram pontos estratégicos da capital. Todas as principais lideranças da MUD apoiaram a marcha e participaram dela – em uma rara demonstração de união dos opositores – , entre eles o presidente da Assembleia Nacional, Henry Ramos Allup, o governador de Miranda, Henrique Capriles, a mu- her de Leopoldo López, Lilian Tintori e a ex-deputada Maria Corina Machado.
“A resposta foi contundente”, disse Capriles. “Vimos a manifestação mais contundente da história da Venezuela.”
Muitos manifestantes saíram de Estados distantes de Caracas, como Bolívar, Zulia, Arágua e Carabobo. A polícia tentou fechar o acesso às entradas da capital, mas muitos opositores conseguiram entrar.
“Derrotaremos a fome, a vio- lência, a inflação e a corrupção”, disse Nat Gutierrez. “Derrubaremos Maduro.”
O ato reuniu também venezuelanos mais humildes, que ao longo dos anos costumavam apoiar o chavismo. “Todos eles só estão interessados em continuar no poder”, disse o pedreiro Luis Palacios, morador da favela de Petare.
“Temos de sair e lutar por uma Venezuela livre. Não podemos mais aguentar isso”, disse Elizabeth De Baron, secretária