Após discurso, Trump perde latinos de vez
Representantes da comunidade hispânica retiram pequeno apoio que magna conquistara
Os esparsos partidários latinos da campanha de Donald Trump desistiram de vez de apoiá-lo após seu duro discurso contra imigrantes na noite de quarta-feira. Ontem, membros de um recém-criado grupo de assessores latinos do magnata e outros representantes dispostos a ajudá-lo anunciaram que não mais votariam nele.
No discurso, na cidade de Phoenix, no Arizona, Trump reiterou que a única maneira de um estrangeiro sem documentos viver nos EUA sob sua presidência seria deixar o país e pedir permissão para voltar. A expectativa, porém, era de que Trump suavizaria sua retórica anti-imigrante, atendendo à pressão interna republicana que teme alienar esse importante grupo de eleitores. Ainda que não tenha reiterado a proposta de deportar os cerca de 11 milhões de ilegais do país, como afirmou anteriormente, disse que “só” expulsará quem tiver ficha criminal ou expirado o prazo do visto para deixar o país.
Alfonso Aquilar, que recentemente organizou uma carta em favor do magnata, disse que se sentia “desapontado e induzido ao erro” pelo magnata e estava retirando seu apoio a ele.
“Nos últimos dois meses, ele afirmou que não deportaria pes- soas sem registros criminais. Ele, na verdade, disse que trataria imigrantes sem documentos e sem ficha criminal com compaixão”, afirmou Aguilar à TV CNN. Aguilar é presidente do grupo Parceira Latina de Princípios Conservadores.
Alguns membros do conselho latino criado por Trump no mês passado para aconselhá-lo nas questões migratórias também indicaram que deveriam cortar relações e não votariam mais no republicano.
Trump fez o discurso após reiterar ao presidente do México, Enrique Peña Nieto, no seu palácio presidencial, a proposta de erguer um muro na fronteira com o México. O convite partiu do líder mexicano e Trump surpreendeu ao anunciar a viagem, na terça-feira. Pressionado por receber o magnata, o presidente afirmou, após o encontro, que as políticas de Trump são uma “ameaça ao México” e ele “não ficará de braços cruzados” diante delas.