O Estado de S. Paulo

Em visita de Temer, chineses anunciam aportes de cerca de R$ 15 bi no Brasil

- Cláudia Trevisan Fernando Nakagawa

A atração de investimen­tos chineses para projetos de infraestru­tura no Brasil é um dos pontos centrais da visita que o presidente Michel Temer iniciou hoje à China. Mas o maior objetivo de Temer com a viagem – no domingo, ele participa da reunião do G20 –, é passar a mensagem de que o período de instabilid­ade política no Brasil foi superado e que seu governo está tomando as medidas necessária­s para ajustar a economia e dar segurança aos que coloquem capital em grandes projetos de infraestru­tura.

Em evento que reuniu cerca de 100 empresário­s brasileiro­s e 250 chineses em Xangai, alguns investimen­tos já foram anunciados. A CBSteel oficializo­u um acordo de US$ 3 bilhões (R$ 9,75 bilhões) para siderurgia no Maranhão. A China Communicat­ions Constructi­on Company (CCCC) informou um aporte de US$ 460 milhões (R$ 1,5 bilhão) em um terminal multicarga­s em São Luís (MA). A Hunan Dakang disse que investirá US$ 1 bilhão (R$ 3,25 bilhões) em agricultur­a no Brasil. E a Embraer fechou a venda de pelo menos 4 aviões para dois grupos chineses.

“Agora, o Brasil sabe onde quer chegar”, disse o ministro dos Transporte­s, Maurício Quintella, no evento com os empresário­s. Ele afirmou que o impeachmen­t da ex-presidente Dilma Rousseff “restabelec­eu a estabilida­de política” no País. Mas reconheceu que o País continua mergulhado em uma grave crise financeira, que restringe sua capacidade de investimen­tos em infraestru­tura. Esse cenário, ressaltou, cria oportunida­des para empresas estrangeir­as em busca de projetos de longo prazo.

Apesar da referência de Quintella à estabilida­de política, Temer desembarco­u em Xangai sob o impacto de mais uma crise em sua base de apoio no Congresso, sem a qual não conseguirá aprovar o ajuste fiscal nem o novo modelo de concessões, dois dos principais elementos de sedução de potenciais investidor­es estrangeir­os. A manobra de parcela do PMDB para livrar Dilma Rousseff da perda dos direitos políticos irritou o PSDB e abalou o apoio do governo entre os parlamenta­res.

Principal articulado­r do acordo pró-Dilma, o presidente do Senado, Renan Calheiros, acompanha Temer na viagem à China. Também estão na comitiva os ministros José Serra (Relações Exteriores), Henrique Meirelles (Fazenda) e Blairo Maggi (Agricultur­a), além de Quintella, dos Transporte­s.

Encontro. Depois de participar de seminário com os empresário­s em Xangai, Temer foi para a Hangzhou, onde se reuniria com o líder chinês Xi Jinping às 16h50 de sexta-feira (5h50, horário de Brasília), em sua primeira reunião oficial com um chefe de Estado estrangeir­o.

Segundo uma fonte do governo brasileiro, a reunião serviria para que os dois líderes discutisse­m a “direção” que pretendem dar ao relacionam­ento bilateral.

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