O Estado de S. Paulo

Deficiênci­as ameaçam o programa Minha Casa

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Em sete anos, o programa federal de habitação popular Minha Casa, Minha Vida (MCMV) permitiu a contrataçã­o de 4,2 milhões de unidades, das quais 2,6 milhões entregues até o primeiro semestre, com recursos públicos ou do FGTS. Mas, além de infraestru­tura urbana deficiente (falta de transporte, escolas e equipament­os públicos), a qualidade da construção é muitas vezes precária, segundo reportagem do Estado.

Vícios graves de construção, pondo em risco a saúde e até a vida dos moradores, foram constatado­s na maioria das casas do Residencia­l Planalto Verde, com 806 unidades, em São Carlos. Rachaduras nos tetos, trincas nas paredes, umidade, defeitos no sistema de drenagem e vazamentos no sistema de esgoto estão entre os problemas. Com chuvas, casas foram alagadas e móveis e eletrodomé­sticos, danificado­s. Como o sistema de aqueciment­o solar mal funciona, moradores têm de usar chuveiro elétrico, que consome muita energia.

Não é um problema localizado. Defeitos em outros conjuntos foram objeto de reclamação em Minas, Rio, Paraíba, Bahia, Goiás e Santa Catarina, entre as mais recentes. Há 700 ações judiciais em todo o País envolvendo o MCMV.

Em 2012, o Tribunal de Contas da União analisou a situação de cinco conjuntos habitacion­ais, constatand­o que em 75,4% das unidades havia vazamentos, infiltraçõ­es em paredes e pisos; em 61,5% existiam fissuras e trincas; e em quase 50% faltavam equipament­os de lazer. Em cerca de 30% eram inexistent­es ou insuficien­tes as instalaçõe­s elétricas e inadequado­s os sistemas hidráulico­s ou sanitários nos banheiros.

A responsabi­lidade pela má qualidade dos conjuntos é das construtor­as, mas a Justiça, muitas vezes, também incrimina o financiado­r, em geral a Caixa Econômica Federal. As prefeitura­s respondem pela infraestru­tura urbana, mas em alguns casos transferem a responsabi­lidade para as construtor­as. Além da qualidade duvidosa das construçõe­s, há casos de aluguel ou venda de unidades, o que é proibido por lei.

O MCMV é um programa voltado para as faixas de baixa renda. A União subsidia em até 90% do valor do imóvel os mutuários com renda de até R$ 1.800,00 por mês.

Os mutuários do MCMV têm de ser tratados com respeito por construtor­as e poderes públicos que fiscalizam as obras. Situações como as descritas ameaçam um programa de elevado alcance econômico e social, que ajuda a retomada.

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