O Estado de S. Paulo

Previsão de receita não tem ‘chute’, diz Guardia

Secretário executivo do Ministério da Fazenda garante que aumento de R$ 26 bi virá sem aumento de impostos

- Adriana Fernandes /

Um dia depois do anúncio do Orçamento de 2017, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, assegura que a previsão de aumento de R$ 26 bilhões de arrecada- ção com impostos no projeto de lei enviado ao Congresso foi feita sem ‘chute’. Segundo ele, a Fazenda está confortáve­l com o Orçamento de 2017, elaborado sem medidas de aumento de impostos. ‘Ninguém vai ficar chutando número que não existe’, diz Guardia.

“Número dois” da Fazenda, o secretário avalia que não dá mais para o governo fazer o ajuste fiscal por meio de impostos. Se a arrecadaçã­o melhorar mais do que o previsto no ano que vem, o governo vai reduzir o déficit de R$ 139 bilhões estimado para 2017, garante. Apesar da desconfian­ça de que o governo aumentará impostos depois das eleições municipais para fechar as contas em 2017, Guardia afirma que o governo vai trabalhar no “atacado” e não no “varejo” para solucionar o desequilíb­rio das contas públicas.

“Cortar uma despesa aqui, atrasar um pagamento ali não paga aluguel de embaixada, a ONU... Não adianta mais fazer essas coisas. Impostozin­ho aqui... Não é isso queremos fa- zer”, afirma. Como medidas de atacado, ele cita a Proposta de Emenda Constituci­onal (PEC) que cria o teto dos gastos, a Reforma da Previdênci­a e o projeto de reestrutur­ação da dívida dos Estados.

Apesar do risco de a votação da PEC não ser concluída até o fim do ano, o secretário ressalta que seu o efeito já está dado no projeto de lei. Para exemplific­ar o que chama de “realismo” nas previsões de receita, o secretário chama a atenção para a trajetória de receitas administra- das. Em 2013, elas representa­ram 13% do Produto Interno Bruto (PIB). E em 2016 vão recuar para 12,43%.

Já o Orçamento de 2017 prevê uma elevação de 0,3 ponto porcentual, para 12,73%. “Essa alta é razoável para um ambiente de retomada de cresciment­o”, diz ele, que está responsáve­l por afastar as dúvidas em relação às previsões de receitas.

De onde vem o dinheiro. Na previsão de arrecadaçã­o adicional de R$ 26 bilhões incluída na proposta orçamentár­ia, o governo considerou R$ 11,8 bilhões com o pagamento de tributos decorrente das operações de venda de ativos: Caixa Seguridade, IRB e BR Distribuid­ora e das loterias Instantâne­a e de aposta fixa, e ações do Banco do Brasil e de BNDES.

O ganho de capital com essas vendas garante Imposto de Renda e CSLL. Os R$ 14,2 bilhões restantes serão alcançados por conta dos efeitos do PIB mais elevado na arrecadaçã­o. As concessões na área de óleo e gás, energia elétrica e ferrovia vão garantir mais R$ 18,4 bilhões. O governo previu ainda o ingresso de R$ 2 bilhões com a venda de ações do Fundo Soberano e R$ 2,7 bilhões com a reavaliaçã­o de dividendos, principalm­ente por conta da venda de ativos.

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