O Estado de S. Paulo

O grande reencontro de Alceu, Elba e Geraldo

Depois de 20 anos e sem Zé Ramalho, artistas voltam a se reunir e iniciam turnê com repertório de sucessos de 40 anos de carreira e inéditas

- Roberta Pennafort /

Vinte anos depois, o grande reencontro nordestino: Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo, sem Zé Ramalho, voltam a fazer shows juntos. Na turnê pelo País que começa nos dias 17 e 18, no Metropolit­an, no Rio, eles apresentam novidades: as inéditas O Melhor Presente, parceria de Geraldo, Toni Garrido e Elba, compositor­a bissexta, Só Depois de Muitos Anos, de Geraldo e Abel Silva, Ciranda da Traição, só de Alceu. Me Dá Um Beijo, de Geraldo e Alceu, lançada há 44 anos, se soma ao repertório, baseado em sucessos das últimas quatro décadas.

Esta é a terceira configuraç­ão do encontro. Com as carreiras entrelaçad­as desde os primeiros palcos, nos anos 1970, quando se fixaram no Rio, os artistas se reuniram em quarteto em 1996. Gravaram um CD ao vivo. Viraram um trio, com a saída de Alceu, no ano seguinte, e lançaram um CD de estúdio. Em 2000, ainda com os mesmos integrante­s, veio O Grande Encontro 3. A trilogia superou um milhão de cópias vendidas.

Ao longo dos anos, a sonoridade foi transforma­da. Em 1996, eram vozes e violões. Agora, eles têm no palco uma banda formada por Paulo Rafael (guitarra), Cássio Cunha (bateria), que tocam com Alceu, Marcos Arcanjo (guitarra), Anjo Caldas (percussão), Meninão (sanfona), de Elba, Ney Conceição (baixo) e Cesar Michiles (flauta), de Geraldo. O espetáculo passará por São Paulo, Brasília, Vila Velha, Recife e Fortaleza, entre outras cidades.

Além da composição nova, Sangrando (Gonzaguinh­a), Abri a Por t a ( D o mi n g u i - nhos/Gilberto Gil) e Eu Só Quero Um Xodó (Dominguinh­os/Anastácia) e Feira de Mangaio (Sivuca/Glória Gadelha) são novidades na apresentaç­ão solo de Elba, que canta ainda Anunciação (Alceu) e a carnavales­ca Banho de Cheiro (Carlos Fernando).

“Sou preguiçosa para compor, mas as melodias vivem em mim”, contou a cantora, num intervalo dos ensaios, na quarta-feira, ao falar de O Melhor Presente, criada com os amigos em sua casa de Trancoso (BA). Ainda fazendo o espetáculo O Encontro Inesquecív­el, só com Geraldo, ela espera encontrar um público saudoso d’O Grande Encontro. “Estamos nessa para nos divertir, é uma celebração da nossa história. São CDs maravilhos­os. Onde o show vai, arrasta multidão”, acredita.

“É um espetáculo atual. O público quer ouvir essas músicas, e tem as novas gerações também”, disse Geraldo. Ele cantará, entre outras, Táxi Lunar, Dia Branco, Moça Bonita e Bicho de Sete Cabeças. Paula e Bebeto (Caetano Veloso/ Milton Nascimento) é nova em sua apresentaç­ão individual. “Bituca ouviu e ficou emocionado, queria que eu gravasse e disse que eu nem precisava dizer que a música era dele.” O show tem também Tropicana, Coração Bobo, e Belle de Jour, de Alceu, e mais números de outros encontros, como Caravana (Alceu/Geraldo) e Sabiá (Luiz Gonzaga/Zé Dantas).

O novo encontro termina com uma ode a Zé Ramalho, presente na apresentaç­ão solo de Elba em Chão de Giz: o trio cantando Frevo Mulher. “Não teve briga. Pode ter alguma mágoa, mas eu não sei qual. Acredito que a gente vá se juntar de novo um dia, porque nosso elo é infinito”, aposta Geraldo.

“Fomos procurados por uma empresa que queria fazer Grande Encontro com muitos shows, DVD, muito dinheiro envolvido, mas só queriam se fôssemos os quatro. O Zé não quis. Ele não é de fácil acesso. Eu queria que ele estivesse. Sou a cantora que mais o gravou, ele está na nossa obra e no nosso coração”, lamentou Elba.

Zé, que está festejando 40 anos de carreira com um box de CDs lançado pelo selo Discoberta­s, já declarou que seria repetitivo retornar ao Grande Encontro. Foi cogitada a entrada de Fagner – como acontecera com a saída de Alceu, em 1997 –, mas a ideia não progrediu. “Não liguei nem encontrei o Zé para falar disso. Ele não tem obrigação de participar. Eu mesmo não fiz o segundo, porque troquei de gravadora ( BMG pela Som Livre) e eles não autorizara­m. No terceiro, eu estava com outros trabalhos...”, lembrou Alceu. “Tenho memórias afetivas e efetivas do primeiro encontro.” Desentendi­mentos existem, os três admitem, mas o tom se mantém harmonioso no fim. “Na música não pode existir subtração, só soma”, disse Elba.

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MARCOS ARCOVERDE/ESTADÃO Hits. Trio canta ‘Tropicana’, ‘Banho de Cheiro’, e ‘Táxi Lunar’, entre muitos outros sucessos

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