O Estado de S. Paulo

‘É hora de deixar Pablo Escobar partir’

Wagner Moura está pronto para a vida após ‘Narcos’, cuja segunda temporada começa nesta sexta, dia 2

- Jeremy Egner

A segunda temporada de Narcos só começa nesta sexta, 2, mas Wagner Moura, que protagoniz­a o rei das drogas Pablo Escobar, já pensa na vida após a aclamada série da Netflix. “Estou muito orgulhoso da série. Fiz o que pude para retratar o personagem da melhor maneira possível”, disse. “Agora, é olhar para a frente.”

É notável que o ator se sinta à vontade em declarar isso, uma vez que, quem acompanha a série sabe, a história não acaba bem para seu personagem. E Moura e seus produtores já garantiram que o seriado termina nesta temporada, com ou sem a polícia de spoilers.

“Não estamos vazando spoiler: sabíamos que ele iria morrer”, afirmou Moura. “Narcos não é uma série sobre Pablo Escobar. É sobre o nascimento do tráfico de drogas.”

A segunda temporada começa onde terminou a primeira e cobrirá os cerca de 16 meses entre a fuga de Escobar da prisão e sua morte, em 1993, aos 44 anos.

Em entrevista por telefone, Wagner Moura, que aprendeu espanhol e engordou 18 kg para fazer Pablo Escobar, explicou por que estava aliviado com o fim do personagem.

Além do fim de Escobar, do que trata a segunda temporada? A primeira temporada foi épica. A segunda se concentra no drama dos personagen­s. O Escobar poderoso da primeira, aquele que conhecemos de livros e documentár­ios, não é o mesmo que se verá agora. Ele perderá dinheiro, poder, aliados. Está para perder até a família, que para ele é muito importante. Ao mesmo tempo, os agentes da DEA ( Drugs Enforcemen­t Agency, o departamen­to an- tidrogas dos EUA) Murphy e Peña vivem conflito moral. Para pegar Pablo, começam a ficar parecidos com ele. Todos os personagen­s enfrentam conflitos morais e emocionais de um modo não visto na primeira temporada.

A linha que separa mocinhos de bandidos parece ficar mais imprecisa. Escobar, claro, era um bandido. Mas Narcos não é sobre tiras americanos do bem que vão para a América do Sul salvar os pobres de um bandido. Quisemos nos manter fiéis à história da Colômbia e os caras da DEA não são exatamente heróis nesta saga. Os heróis são o povo colombiano, que decidiu lutar contra o terrível narcoterro­rismo que se instalou em seu país nos anos 1980.

Por que todos estão aceitando tão bem sua morte nesta temporada? Não vejo por que não. Parece errado estender a vida desse cara além de duas temporadas.

Do que você vai mais sentir falta em ter representa­do Escobar? Foi uma parte muito importan- te de minha vida. Me dediquei muito ao personagem. Mas quando encerramos a segunda temporada, me senti aliviado.

Por quê? Era hora de deixar o personagem partir, voltar a meu peso normal. O corpo não era o meu. Vivi nele por dois anos – e não falo só do corpo físico, mas da energia com a qual estava lidando. Não era nada agradável.

A National Geographic acaba de lançar um novo filme sobre o personagem. Por que ele continua tão empolgante? Sempre fomos fascinados por pessoas que vivem acima da lei. Junte-se o fato de que Escobar foi real e alguém muito diferente. Se fosse um traficante comum, poderia estar vivo e no ramo até hoje. Mas Pablo não se contentava apenas em ser o sétimo homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes. Ele queria destruir a elite que tanto desprezava, e também ser presidente da Colômbia. Era mau, um ser humano horrível. Matou muita gente e fez coisas terríveis. Mas é ineg á v e l que e r a di f e r e nt e .

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DIVULGAÇÃO O fim. “Escobar perderá dinheiro, poder, aliados e até a família’, lembra Wagner Moura

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