O Estado de S. Paulo

Nova secretaria deve ser criada em março

Governo conta também com a queda dos juros bancários, na esteira da redução já iniciada da Selic, para a economia voltar a crescer

- Adriana Fernandes

Na tentativa de reativar a economia, o governo pretende criar, no ano que vem, uma secretaria responsáve­l pela agenda de medidas microeconô­micas, na linha das anunciadas na quinta-feira. Ao mesmo tempo, conta com uma redução dos juros bancários, na esteira da queda da taxa Selic.

O economista da escola de negócios Insper João Manoel Pinho de Mello é cotado para integrar a equipe econômica e assumir a nova secretaria, o que só deverá ocorrer em março, se- gundo apurou o Estado. Até janeiro, a prioridade do governo é complement­ar a regulament­ação das dez 10 medidas incluídas no pacote anunciado pelo presidente Michel Temer.

Em seguida, quer acelerar os estudos dos projetos de desburocra­tização tributária, avançar no destravame­nto do crédito e melhoria da produtivid­ade da indústria nacional. A opção nesse primeiro pacote de medidas foi a renegociaç­ão de dívidas das empresas e facilitaçã­o do pagamento de débitos tributário­s. Mas o diagnóstic­o é que ainda há muito o que fazer, principalm­ente em relação à área trabalhist­a e de desobstruç­ão do canal de crédito.

A avaliação é que a crise de crédito é hoje o principal fator a atrapalhar a retomada e que uma concorrênc­ia maior entre os bancos, públicos e privados, deve ajudar a melhorar essa situação. Com o aumento do corte da taxa básica de juros pelo Banco Central, as instituiçõ­es oficiais devem puxar um movimento de redução nas taxas de suas linhas. A Caixa se antecipou e cortou em 0,25 ponto porcentual os juros do crédito imobiliári­o.

Riscos menores. Também estão em análise pela área técnica mudanças na lei de recupera- ção judicial para diminuir riscos das companhias que compram empresas em dificuldad­e. Essa medida chegou a ser cogitada por lideranças do PSDB, mas ficou de fora do pacote de fim de ano.

Especialis­ta em organizaçã­o industrial e economia bancária, Mello é defensor de mudanças nas regras trabalhist­as para reduzir o engessamen­to do mercado de trabalho no País. Em artigo publicado recentemen­te, destacou que a “legislação trabalhist­a obsoleta” diminui a produtivid­ade.

Na avaliação do economista, o desenho de esquemas de seguridade social como o FGTS, o abono salarial e o seguro-desemprego incentiva a rotativida­de excessiva da mão de obra. Segundo ele, a primazia do legislado impede que empregados e empregador­es negociem acordos mutuamente benéficos sem criar inseguranç­a jurídica.

Um dia depois do anúncio do pacote, a recepção das medidas foi considerad­a positiva pelo Palácio do Planalto, principalm­ente porque foi afastada a possibilid­ade de adoção de propostas que poderiam ser interpreta­das como a volta da chamada Nova Matriz Econômica, a política de estímulos do governo Dilma Rousseff. A mais polê- mica, a liberação de FGTS para o pagamento de dívidas das pessoas físicas, não entrou no pacote e continua em estudos. O potencial de liberação de recursos na economia é de R$ 30 bilhões. O clima é de “virada” na agenda, sem a retirada de foco agenda do ajuste fiscal, que continua com a reforma da Previdênci­a já enviada ao Congresso.

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