O Estado de S. Paulo

Um ótimo pacote

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Opacote divulgado esta semana é mais uma etapa na tentativa do governo de desmitific­ar a sociedade sobre o papel desse tipo de medida. A cada dado ruim de atividade o governo anterior sacava algo igualmente ruim para piorar ainda mais o cenário e afundar especialme­nte o resultado fiscal. Mas depois de tantos anos com inúmeros pacotes irrelevant­es para supostamen­te estimular o cresciment­o, voltamos ao que se tinha até o início do governo Lula: pacotes são essencialm­ente para reformas microeconô­micas e políticas macro se sustentam em manter o tripé azeitado em 1999: meta de inflação, busca de equilíbrio fiscal e câmbio flexível. É uma feliz volta ao passado.

Na seara do tripé, o governo remontou o que se tinha perdido nos últimos anos e o foco, aprovada a PEC do Teto , deverá ser a continuida­de de medidas micro na linha iniciada em consonânci­a com a reforma da previdênci­a.

Mas mesmo nas medidas mais de curto prazo, com aparente viés de estimular o cresciment­o, como as relacionad­as ao “Refis” e ao BNDES, o foco foi dar liquidez às empresas em mais dificuldad­e nesse momento. É salutar perceber que o BNDES buscou priorizar as pequenas empresas, justamente as que têm mais dificuldad­e de renegociaç­ão agora.

No caso das medidas de spread e crédito, também a intenção é mais transparên­cia e eficiência, como o aperfeiçoa­mento do cadastro positivo, mas baixar o spread de fato vai depender no futuro da própria estabilida­de macroeconô­mica. Não há tempo para o BC buscar isso agora, mas baixar a meta de inflação para 3% ajudará a diminuir as taxas real e nominal de juros e ajudará na diminuição do próprio spread.

Talvez valesse a pena para o governo um esforço ainda mais concentrad­o para medidas desse tipo. Há diversos especialis­tas na Fazenda com expertise fiscal e previdenci­ário, mas nesse momento criar um departamen­to mais ativo e coordenado para desenhar reformas microeconô­micas poderia ser um ganho.

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