Rombo na seguridade é de R$ 243 bi
Número foi apresentado pelo governo para rebater críticas de que estaria maquiando números
Em campanha pela aprovação da reforma da Previdência, que vai endurecer as regras de aposentadoria no Brasil, o governo federal convocou ontem uma entrevista coletiva para rebater um vídeo que circula nas redes sociais dizendo que o déficit na área é uma “mentira”. A campanha virtual prega que os trabalhadores não aceitem as novas regras, uma vez que a União estaria maquiando as estatísticas da Seguridade Social, beneficiando empresas com desonerações e usando receitas previdenciárias para pagar a dívida pública.
O vídeo, divulgado pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita (Anfip), já teve mais de 1,3 milhão de visualizações e 61 mil compartilhamentos. Diante da repercussão, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, teve a missão de esclarecer ponto a ponto os argumentos apresentados pela entidade contra a reforma.
“Circulam nas redes sociais informações equivocadas de que não há déficit na Previdência”, disse o ministro, munido de estatísticas para ilustrar suas afirmações e cercado por secretários e assessores que atuam em áreas relacionadas a Orçamento e Assistência Social na pasta. Ele afirma que o rombo na Seguridade Social (que in- clui Previdência, assistência e saúde) chega a R$ 243,2 bilhões em 12 meses até outubro.
O déficit, segundo Oliveira, é fruto do crescimento nas despesas, principalmente de 2012 para cá. “Quanto mais gastarmos com Previdência, menos vai sobrar para as demais áreas”, afirmou Oliveira.
O vídeo da Anfip argumenta que o governo não contabiliza receitas como Cofins, PIS/Pasep e a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e que a Desvinculação de Receitas da União (DRU), que na prática permite a utilização de uma parcela de recursos destinados a uma área para o pagamento de despesas de outra, contribui para o déficit. Por fim, a associação também aponta perdas por benefícios fiscais concedidos a empresas.
Com planilha detalhada, o ministro buscou provar que os tributos entram sim na conta das receitas. Ele também argumen- Bate e rebate ta, com gráficos, que mesmo sem a DRU, haveria rombo nas contas. Sobre os benefícios fiscais, pelos quais o governo deixará de arrecadar R$ 55 bilhões este ano para a Previdência, o ministro disse que o cancelamento desses subsídios acabaria onerando outras áreas, uma vez que essas organizações atuam fortemente na saúde e na educação.