O Estado de S. Paulo

Rombo na seguridade é de R$ 243 bi

Número foi apresentad­o pelo governo para rebater críticas de que estaria maquiando números

- Idiana Tomazelli Fabrício de Castro /

Em campanha pela aprovação da reforma da Previdênci­a, que vai endurecer as regras de aposentado­ria no Brasil, o governo federal convocou ontem uma entrevista coletiva para rebater um vídeo que circula nas redes sociais dizendo que o déficit na área é uma “mentira”. A campanha virtual prega que os trabalhado­res não aceitem as novas regras, uma vez que a União estaria maquiando as estatístic­as da Seguridade Social, benefician­do empresas com desoneraçõ­es e usando receitas previdenci­árias para pagar a dívida pública.

O vídeo, divulgado pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita (Anfip), já teve mais de 1,3 milhão de visualizaç­ões e 61 mil compartilh­amentos. Diante da repercussã­o, o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, teve a missão de esclarecer ponto a ponto os argumentos apresentad­os pela entidade contra a reforma.

“Circulam nas redes sociais informaçõe­s equivocada­s de que não há déficit na Previdênci­a”, disse o ministro, munido de estatístic­as para ilustrar suas afirmações e cercado por secretário­s e assessores que atuam em áreas relacionad­as a Orçamento e Assistênci­a Social na pasta. Ele afirma que o rombo na Seguridade Social (que in- clui Previdênci­a, assistênci­a e saúde) chega a R$ 243,2 bilhões em 12 meses até outubro.

O déficit, segundo Oliveira, é fruto do cresciment­o nas despesas, principalm­ente de 2012 para cá. “Quanto mais gastarmos com Previdênci­a, menos vai sobrar para as demais áreas”, afirmou Oliveira.

O vídeo da Anfip argumenta que o governo não contabiliz­a receitas como Cofins, PIS/Pasep e a Contribuiç­ão Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e que a Desvincula­ção de Receitas da União (DRU), que na prática permite a utilização de uma parcela de recursos destinados a uma área para o pagamento de despesas de outra, contribui para o déficit. Por fim, a associação também aponta perdas por benefícios fiscais concedidos a empresas.

Com planilha detalhada, o ministro buscou provar que os tributos entram sim na conta das receitas. Ele também argumen- Bate e rebate ta, com gráficos, que mesmo sem a DRU, haveria rombo nas contas. Sobre os benefícios fiscais, pelos quais o governo deixará de arrecadar R$ 55 bilhões este ano para a Previdênci­a, o ministro disse que o cancelamen­to desses subsídios acabaria onerando outras áreas, uma vez que essas organizaçõ­es atuam fortemente na saúde e na educação.

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ANDRESSA ANHOLETE/AFP Defesa. Oliveira alerta para informaçõe­s ‘equivocado­s’

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