Empresário egípcio apresenta plano para Oi, mas recebe críticas
Proposta feita junto com o banco Moelis prevê injeções de capital consideradas baixas por acionistas da companhia
Depois de três meses de trabalho, um grupo de credores apresentou ontem, em conjunto com o empresário egípcio Naguib Sawiris, um plano alternativo de recuperação judicial para a Oi, que prevê uma redução da dívida de R$ 65 bilhões para cer- ca de R$ 30 bilhões. A proposta traz uma injeção de até US$ 1,25 bilhão por meio de um aumento de capital, recurso destinado a investimentos na companhia.
Além disso, propõe a conversão de R$ 24,82 bilhões dos títulos de dívida ( bonds) em 95% de ações da companhia, com uma forte diluição dos atuais acionistas. Outros R$ 5,8 bilhões em bonds seriam transformados em títulos de dívida da Oi.
Maior recuperação judicial em curso no País, o plano da Oi vem sendo alvo de questionamentos e disputas entre acionistas e credores. A proposta de on- tem foi feita por um grupo de detentores de títulos da Oi representados pelo banco americano Moelis & Company e pelo empresário egípcio, que se comprometeu em injetar US$ 250 milhões na oferta pública – valor considerado baixo por acionistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Caso o plano seja aprovado, Sawiris ficaria com 10% da Oi.
Precisa de aval. O processo para que isso ocorra, porém, não é simples. Antes de ser avaliado pelos credores, o plano alterna- tivo precisa receber o aval dos acionistas e, depois, ser aprovado pelos credores em assembleia. “Havendo resistência da Oi, esse assunto possivelmente será contestado, se tornará uma disputa judicial”, disse Giuliano Colombo, sócio do Pinheiro Neto Advogados e assessor jurídico dos responsáveis pelo novo plano.
O grupo não descarta negociações com a empresa. “Vamos ouvir a companhia e ver o que têm a dizer”, afirmou Karim Nasr, representante do egípcio. A proposta não foi bem recebida por uma parte dos acionistas, segundo apurou a reportagem. A visão é que o plano entrega a companhia para os “bondholders” e prevê um investimento muito baixo do egípcio.
Outro ponto do plano é relativo aos investimentos. São esti- mados R$ 37 bilhões em cinco anos, sendo R$ 7 bilhões somente no primeiro ano – patamar bem acima dos R$ 4,5 bilhões esperados para este ano. Outros R$ 70 bilhões são previstos ao longo de dez anos a partir do quinto ano. A avaliação é de que a companhia tem condições de bancar esse patamar de investimentos após a reestruturação. No primeiro ano, os recursos vi- riam dos US$ 1,25 bilhão, levantados na oferta de ações, junto com recursos do caixa.
Para atingir a redução esperada na dívida, a empresa conta com a conversão de títulos em ações e também com uma renegociação com os bancos, que traria uma economia adicional de R$ 10 bilhões. A dívida financeira teria uma carência de cinco anos para voltar a ser paga.
O plano não contempla qualquer movimento de consolidação do setor de telecomunicações. Em relação à dívida de R$ 20 bilhões com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a proposta prevê o pagamento de R$ 5,5 bilhões à agência reguladora em cinco anos.
A Oi informou que analisará o plano com as demais sugestões que surgiram ao longo de encontros com outros credores.