O Estado de S. Paulo

Uma parceria promissora

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O resultado das eleições das Mesas Diretoras do Senado Federal e da Câmara dos Deputados foram auspicioso­s. Os primeiros pronunciam­entos dos novos presidente­s das Casas legislativ­as mostram que o Legislativ­o está disposto a caminhar com o Executivo em direção à mais do que urgente implementa­ção das medidas necessária­s para a recuperaçã­o da saúde das finanças públicas e do resgate da economia do atoleiro legado pela irresponsa­bilidade e incompetên­cia do populismo lulopetist­a.

Como tem sido reiteradam­ente afirmado neste espaço, a gravidade da crise econômica, política e social que o Brasil enfrenta exige pronta e eficaz resposta do governo, o que depende de ação coordenada do Executivo com o Legislativ­o. Ao as- sumir a presidênci­a do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) deu ênfase à prioridade que pretende estabelece­r na Casa: “Reformar, reformar, reformar”.

Falando como presidente reeleit o d a C â ma r a , R o d r i g o Ma i a ( DEM- RJ ) a n u n c i o u q u e já na próxima semana instalará a comissão que analisará o projeto de lei de reforma trabalhist­a enviado pelo Planalto e garantiu: “Comandarei as votações das matérias econômicas do governo”.

As eleições de Eunício Oliveira e Rodrigo Maia foram discreta mas decisivame­nte apoiadas pelo Palácio do Planalto e confirmam a determinaç­ão e a habilidade com que o presidente Michel Temer, a partir de sua ampla experiênci­a parlamenta­r e no comando do PMDB, construiu uma base de apoio parlamenta­r ampla e minimament­e confiável, capaz de oferecer o indispensá- vel apoio às reformas que estão sendo propostas.

Os frutos a serem colhidos da capacidade de interlocuç­ão do Executivo com o Legislativ­o darão a medida em que, em pouco menos de dois anos que tem pela frente, o governo Temer cumprirá a reiterada promessa de legar à administra­ção a ser eleita em 2018 as finanças públicas saneadas e, pelo menos, as precondiçõ­es estabeleci­das para a implementa­ção das profundas reformas necessária­s à retomada do cresciment­o econômico, que por sua vez é pré-requisito para o desenvolvi­mento de programas sociais sustentáve­is. Sem isso não haverá, por exemplo, a reversão dos atuais índices de desemprego.

Esses desafios, como já ficou claro, são agravados pelo fato de que qualquer medida governamen­tal que implique contenção e austeridad­e nos gastos públicos tende a ser impopular, principalm­ente quando explorada politicame­nte a partir do princípio populista de que o Tesouro é uma cornucópia que os inimigos do povo se recusam, por pura malvadeza, a usar em benefício dos despossuíd­os. É exatamente nessa categoria que se encaixam duas importante­s reformas propostas pelo governo que deverão entrar em breve na pauta do Congresso e poderão ser aprovadas ainda neste semestre: a da Previdênci­a e a trabalhist­a.

Na mensagem de abertura do ano legislativ­o que encaminhou ao Congresso, por intermédio do ministroch­efe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o presidente Michel Temer manifestou otimismo: “A agenda de reformas essenciais para o Brasil não se esgotou no último ano”, escreveu, referindo-se à aprovação, em dezembro, da PEC do Teto dos Gastos Públicos. “Ainda temos muito a fa- zer juntos e precisarem­os do apoio continuado de Vossas Excelência­s.”

Uma enorme diferença entre o governo atual e aquele que foi defenestra­do no ano passado pelo Congresso Nacional, com o apoio do Poder Judiciário, é que Dilma Rousseff entendia que podia resolver tudo sozinha e por isso não precisava da opinião de aliados, que deveriam ficar satisfeito­s com os nacos de poder que lhes eram generosame­nte concedidos.

Dilma até tentou enfraquece­r politicame­nte o mais importante de seus aliados, o PMDB do vice-presidente Temer, ao imaginar que poderia evitar a eleição de Eduardo Cunha à presidênci­a da Câmara, há exatos dois anos. A soberba e a incompetên­cia política da ex-presidente selaram o inglório fim de seu mandato. Michel Temer acaba de demonstrar que não cometerá os mesmos erros.

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