Bancada do PMDB já ameaça as reformas
Para aprovar já no primeiro semestre deste ano as reformas Trabalhista e Previdenciária, o presidente Michel Temer vai precisar conter a ameaça de rebelião da bancada do PMDB na Câmara. Sem a Secretaria de Governo, que saiu das mãos de Geddel Vieira Lima para o tucano Antonio Imbassahy, o PMDB reclama por ter perdido espaço no governo para o PSDB, que já acumula cinco pastas. “Eliseu Padilha dizia que política se faz com verbo ou com verba e o PMDB está ficando sem os dois”, criticou um peemedebista, dando o tom da queixa.
A bancada do PMDB na Câmara espera que o Planalto ajude o líder Baleia Rossi a reunificar o partido após a derrota de Lúcio Vieira Lima na disputa pela vice-presidência. Ousam até pedir a Temer a liderança de governo.
Apesar do chororô, aliados de Temer acham muito difícil que ele passe a vaga de André Moura para agradar ao PMDB.
Mas isso não significa que Moura esteja garantido no governo. A previsão é de que Temer decida até a semana que vem se Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) vai para o Ministério da Saúde ou se substitui Moura na liderança.
Após percorrer 27 Estados em campanha pela presidência da Câmara e acabar derrotado por Rodrigo Maia, Jovair Arantes (PTB-GO) foi descansar nas águas quentes de Caldas Novas (GO).
A decisão de se criar a Secretaria da Presidência para dar foro privilegiado para Moreira Franco vinha sendo desenhada no Planalto há três semanas.
Ao fazer Moreira Franco ministro, o governo já esperava reação da oposição por causa da comparação com o caso de Lula. Sem foro privilegiado, Lula foi nomeado para a Casa Civil, mas foi barrado pela Justiça.
O governo já tem discurso de defesa. Afirma que Moreira já atuava informalmente como ministro. E que, no caso de Lula, havia conversas de Dilma Rousseff indicando que o ex-presidente seria nomeado ministro apenas para obter o foro.
Michel Temer ligou para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes de decidir visitá-lo em São Paulo. Ouviu de Lula que ficaria feliz com o encontro e só depois disso resolveu embarcar.
Na conversa, Lula e Temer apararam algumas arestas deixadas pelo processo de impeachment que afastou Dilma Rousseff da Presidência. Aliados de Temer dizem que esse encontro vinha sendo costurado há meses.
A presença do ministro Ives Gandra, presidente do TST, ao lado de Michel Temer na cerimônia de posse no Planalto não sinaliza, para aliados de Temer, que Gandra será o indicado ao Supremo.
Já a posse de Alexandre de Moraes no rebatizado Ministério da Justiça e da Segurança é considerada por amigos de Temer como a sinalização de que Moraes não será o escolhido para o STF.
“Já me indicaram 27 candidatos”, revelou Temer na sexta à noite para amigos.