O Estado de S. Paulo

Presidente diz que ato foi ‘mera formalizaç­ão’

Na posse, presidente defende nomeação de aliado citado em delação da Odebrecht; Moreira Franco rejeita comparação com situação de ex-presidente Lula

- Carla Araújo Tânia Monteiro

Ao oficializa­r o nome de Moreira Franco como ministro da Secretaria-Geral da Presidênci­a, o presidente Michel Temer disse ontem que o ato era uma “mera formalizaç­ão” e negou que tenha dado o status ao seu amigo de longa data – citado em delação da Odebrecht – para que ele obtivesse foro privilegia­do.

Com a nomeação, qualquer investigaç­ão que eventualme­nte venha a ser aberta contra Morei- ra Franco precisa antes do aval do Supremo Tribunal Federal.

“Hoje se trata apenas de uma formalizaç­ão, porque na realidade o Moreira já era ministro desde então”, disse em seu discurso. Questionad­o após a cerimônia se a nomeação teria sido feita para proteger o aliado na Justiça, Temer respondeu apenas: “Vejam meu discurso”.

Em entrevista após a posse, Moreira negou que tenha sido nomeado para obter foro privilegia­do e disse que sua situação é distinta a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve sua nomeação para a Casa Civil de Dilma Rousseff barrada pelo ministro do STF Gilmar Mendes. “Há uma diferença”, disse. “Eu estou no governo, eu não estava fora do governo. Não foi absolutame­nte com nenhuma outra intenção se não a de dar mais eficiência, de dar mais força, à ação do presidente e da Presidênci­a.”

Apesar das negativas, entretanto, auxiliares do presidente reconhecem que a decisão de trazer Moreira para “o coração do governo” é uma espécie de prevenção contra delações da empreiteir­a que foram recentemen­te homologada­s pela presidente do STF, Cármen Lucia.

Em delação à força-tarefa da Lava Jato, o ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho afirmou que tratou de negócio da empreiteir­a na área de aeroportos com Moreira, que foi ministro da Aviação Civil no governo Dilma. O peemedebis­ta é citado nas planilhas da Odebrecht como “Angorá” e tratado como arrecadado­r do PMDB. Ele nega irregulari­dades. Cotado ao STF, o presidente do TST, Ives Gandra Martins Filho participou de cerimônia no Planalto ontem. Antes, se reuniu com Temer.

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