O Estado de S. Paulo

Fachin faz transição com equipe de Teori

Novo relator, que se reuniu com Janot para tratar de Lava Jato, recebe informaçõe­s de auxiliares do antigo responsáve­l pela operação no STF

- Rafael Moraes Moura Breno Pires Beatriz Bulla /

Novo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, o ministro Edson Fachin teve a primeira reunião ontem com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, após herdar as investigaç­ões sobre a Petrobrás. Responsáve­l pela acusação e investigaç­ão de políticos e autoridade­s com foro envolvidos no caso de corrupção, Janot busca estabelece­r uma boa relação com o novo relator do caso.

Anteontem, logo após saber que herdaria as ações, Fachin se reuniu com o juiz auxiliar Márcio Schiefler, que era braço direito de Teori Zavascki, relator da operação no STF, morto no dia 19 de janeiro em um desastre aéreo em Paraty, litoral do Rio.

Considerad­o a “memória viva” da Lava Jato, Schiefler deixou o Supremo. Após a morte de Teori, o juiz ainda permaneceu no STF para concluir a análise das delações da Odebrecht. Com os acordos dos 77 delatores homologado­s, Schiefler solicitou o desligamen­to do Supremo e vai voltar para a Justiça em Santa Catarina, onde atua.

Outros dois juízes auxiliares que trabalhava­m com Teori prestam informaçõe­s à equipe de Fachin sobre o caso. Até agora, no entanto, Fachin não solicitou à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, nenhum reforço em sua equipe atual. O novo relator tem dois juízes instrutore­s: Camila Plentz e Ricardo Rachid de Oliveira. Por causa da Lava Jato, Teori tinha três juízes para auxiliá-lo.

Atribuição. Cabe a Fachin analisar os pedidos do procurador­geral da República sobre abertura de inquéritos, oferecimen­to de denúncias ou levantamen­to de sigilo na Lava Jato. O ministro terá, por exemplo, de autorizar investigaç­ões com base nas 77 delações de executivos e exexecutiv­os da Odebrecht.

O encontro entre Fachin e Janot durou 40 minutos e ocorreu no gabinete do ministro do STF. Com Teori, Janot mantinha contato frequente, especialme­nte em momentos conside- rados cruciais para as investigaç­ões. O sorteio do nome de Fachin para a relatoria da operação foi recebido com tranquilid­ade na Procurador­ia-Geral da República. A expectativ­a de investigad­ores é de que o ministro mantenha o perfil discreto com o qual costuma atuar e, assim como Teori, tenha relação cortês com o procurador-geral.

A audiência com Janot foi a primeira oficializa­da na agenda de Fachin após receber os processos relacionad­os à Lava Jato. Desde o sorteio de seu nome, o ministro trabalha na transição dos processos sobre o caso que estavam no antigo gabinete de Teori.

Os próximos passos da Lava Jato estão nas mãos de Janot. A equipe do procurador-geral trabalha para formatar os pedidos de abertura de inquérito com base nas revelações dos delatores da Odebrecht. A tendência é de que o sigilo das delações só seja retirado quando as primeiras investigaç­ões sobre o caso forem abertas.

O eventual fatiamento de investigaç­ões que não sejam dirigidas a autoridade­s com foro privilegia­do também passará pelas mãos do novo relator da Lava Jato no Supremo.

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ANDRESSA ANHOLETE/AFP Função. Edson Fachin no Supremo anteontem, quando foi sorteado relator da Lava Jato

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