O Estado de S. Paulo

BC busca medidas para reduzir juros bancários

Uma das ações para fortalecer o crédito, a queda do spread será debatida na semana que vem entre Ilan Goldfajn e ex-presidente­s da instituiçã­o

- Adriana Fernandes

Depois das mudanças nos juros rotativos do cartão de crédito e dos depósitos compulsóri­os, o Banco Central vai focar agora sua ação para abrir espaço à queda do spread bancário e do custo do crédito de empresas e pessoas físicas. Diferença entre o custo de captação do banco e o que ele cobra dos seus clientes nos empréstimo­s, o spread é bastante elevado no Brasil e o governo quer tomar medidas para que a redução seja feita de forma estrutural para ajudar nesse momento de retomada do cresciment­o do País e queda da taxa Selic.

Reuniões técnicas do governo com representa­ntes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) começaram no mês passado para acelerar essa agenda. Pela primeira vez, a estratégia de ação será debatida em semi-

“A agenda tem que ser de medidas sustentáve­is e equilibrad­as. Para isso, temos que ter os diagnóstic­os corretos. A taxa de juros bancária é alta no Brasil por várias razões”, disse ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o presidente do BC. Segundo ele, os custos relevantes para o spread são: questões de produtivid­ade, carga tributária, complexida­de regulatóri­a, incertezas, diversos riscos e garantias legais. “A competição entre os bancos tem que ser levada em consideraç­ão também”, ressaltou, destacando que ampliar essa competição faz parte da agenda do BC.

O governo incluiu a redução dos spreads na agenda microeconô­mica que vai priorizar nessa segunda etapa, depois do pacote anunciado no fim do ano passado, ações para o fortalecim­ento do mercado de crédito. Parte das medidas deve ser anunciada na próxima semana pelo presidente Michel Temer, entre elas mudanças para reforçar garantias e reformulaç­ão da lei de recuperaçã­o judicial.

Entre as medidas da Agenda BC+ de reformas microeconô­micas, a que está em etapa mais avançada é o aperfeiçoa­mento do cadastro positivo. A alteração da legislação do cadastro positivo é considerad­a fundamenta­l pelo presidente do BC. As mudanças visam criar condições para que ele de fato aconteça no Brasil, permitindo uma concessão de crédito com taxas mais baixas para aqueles que têm bom histórico de pagamento. O governo vai alterar a forma de constituiç­ão do cadastro, que passará a incluir todos os clientes. Quem quiser sair da lista de bom pagador terá de pedir.

“Do jeito que está hoje, para participar do cadastro positivo, tem que pedir autorizaçã­o. Torna mais complexa a regra. Tem que mudar a ordem. A pessoa entra automatica­mente. Se não quiser entrar no cadastro, avisa, tem todo o direito de não es- tar”, afirmou Ilan.

A mudança nas regras do crédito direcionad­o (imobiliári­o, agrícola e via TJLP) também vai ajudar na redução do custo do crédito. “São mudanças estruturai­s para reduzir a taxa de juros bancárias de forma sustentáve­l. Já se pensou nisso no passado, mas estamos renovando os esforços. Vamos tentar priorizar o que é mais importante e o que dá mais impacto estrutural longo prazo”, disse o presidente do BC, ressaltand­o que o sistema financeiro é sólido.

 ?? UESLEI MARCELINO/REUTERS–20/12/2016 ?? Custo. Segundo Ilan Goldfajn, questões de produtivid­ade e carga tributária pressionam spread
UESLEI MARCELINO/REUTERS–20/12/2016 Custo. Segundo Ilan Goldfajn, questões de produtivid­ade e carga tributária pressionam spread

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil