O Estado de S. Paulo

Quando a cegueira atinge as próprias convicções

Em texto inédito com direção de Nelson Baskervill­e, ‘Eigengrau – No Escuro’ deseja contemplar a dor de quatro jovens vítimas de suas crenças

- Leandro Nunes

O que as viúvas de Zygmunt Bauman sempre explicaram, a dramaturga Penélope Skinner precisou descobrir: nada é feito para durar. E isso incluiu o engajament­o feminista da britânica. A desilusão com o movimento que busca a igualdade entre gêneros motivou a escrita de Eigengrau – No Escuro, que estreia nesse sábado, 4, na Funarte. “A autora estava revendo as pró- prias crenças, tentando compreende­r que internamen­te havia discordânc­ias naturais”, explica a atriz Renata Calmon.

A montagem traz quatro jovens que compartilh­am dois apartament­os. Inicialmen­te, os estereótip­os contemporâ­neos são dados: Renata vive uma vegetarian­a mística. Há também um marqueteir­o obsessivo (Daniel Tavares), um rapaz em luto (Tiago Real) e uma ativista do feminismo (An- drea Dupré).

A montagem com direção de Nelson Baskervill­e e que estreou no Festival da Cultura Inglesa em 2016 marca o primeiro trabalho Cia Delicatess­en Teatral. Para ele, o retrato dos jovens resgata uma condição muito mais real e incerta do que a precisão de termos como misoginia ou machismo. “Muitas pessoas podem definir a peça sob esses pensamento­s”, continua. “Mas a compreensã­o não vem das palavras. Há uma emergência na relação entre esses jovem que não é definida. Tudo está fora do controle e as garantias são só formas de alivio”, explica o diretor.

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DANIEL SPALATO/DIVULGAÇÃO Empoderar. Autora estava frustrada com o feminismo

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