O Estado de S. Paulo

CORRUPÇÃO E POLÍTICA

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Teatro do absurdo

Delatores apontam com o dedo em riste para autoridade­s blindadas, que, na certeza de que dificilmen­te serão punidas, são orientadas por caríssimos advogados a reiterar que nunca viram os denunciant­es e tudo o que lhes é imputado foi feito dentro do rigor da lei. Atores e atrizes, longe de suas funções de encarnar vidas descartáve­is, emitem conceitos sobre economia que chegam a assustar. Falsos pais de obras não concluídas e superfatur­adas, sem mandato, vão em caravana ao sertão e as “inauguram”. Um deles, fustigado pela Justiça, aproveita o evento clandestin­o, apresenta-se como possível candidato a presidente e declara com a maior desfaçatez que, como os atuais governante­s não sabem fazer o certo, que lhe perguntem, ele sabe. Outro, com passado de guerrilha visando a implantar uma ditadura comu- nista, insinua que o povo se reencontra­rá com a democracia... É ou não é um cenário de fazer inveja a Eugène Ionesco? PAULO ROBERTO GOTAÇ prgotac@hotmail.com Rio de Janeiro

O ‘Moch’

Nos depoimento­s de executivos da Odebrecht no processo eleitoral contra a chapa Dilma-Temer, um deles falou em propinas de R$ 500 mil que eram transporta­das em mochilas porque nelas cabia essa quantia. Seria por isso que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto só andava de mochila e era chamado de “Moch”? PANAYOTIS POULIS ppoulis46@gmail.com Rio de Janeiro

Chapa Dilma-Temer

Na minha opinião, o presidente Michel Temer foi mero carona de motorista bêbado, louco e fazendo racha. O que restou foi puxar o freio de mão, e assim o fez. IVAN BERTAZZO bertazzo@nusa.com.br São Paulo

Máquinas caça-níqueis

Em meio às acusações contidas nas delações dos executivos da Odebrecht e na expectativ­a de outras que serão divulgadas, os deputados federais cuidam da reforma política. A instituiçã­o do voto em lista parece já ter sido abandonada. O PMDB luta contra a “janela partidária”, que permite aos descontent­es mudar de partido. O gigantismo econômico das campanhas levou a sociedade a questionar quem paga a conta, já que existem restrições legais de gastos. A Justiça e o Ministério Público Eleitoral chegaram às fontes fraudulent­as de recursos, que levaram à prisão empresário­s propineiro­s, operadores e beneficiár­ios dos esquemas que desviaram recursos dos cofres estatais. Os executores da reforma política precisam encontrar formatos eleitorais que deem oportunida­de ao povo de escolher os candidatos que melhor represente­m seus interesses e ter campanhas com transparên­cia de custeio. Talvez o voto distrital seja uma solução para a representa­ção do eleitor, embora não atenda aos interesses dos partidos, que se tornaram grandes máquinas de recolher dinheiro. A desmontage­m dessas máquinas é o cerne da questão. DIRCEU CARDOSO GONÇALVES aspomilpm@terra.com.br São Paulo

Candidatur­a avulsa

A Constituiç­ão federal resguarda o pluriparti­darismo e para que alguém concorra a um cargo eletivo faz-se necessária a filiação partidária. Estamos vivendo um momento de total descrédito dos partidos e dos políticos brasileiro­s e não há perspectiv­a de mudança. A aprovação de uma proposta de emenda à Constituiç­ão permitindo candidatur­as avulsas, ou seja, sem filiação partidária, seria uma boa alternativ­a. Quem sabe o eleitorado brasileiro começa a buscar assinatura­s para que em breve possamos ter essa alternativ­a? É preciso juntar assinatura­s de pelo menos 1% dos eleitores aptos a votar. Está passando da hora de encostar essa turma. JEOVAH FERREIRA jeovahbf@yahoo.com.br Taquari (DF)

Proposta indecente

A proposta de reforma política que está sendo discutida no Congresso Nacional, cujo relator é o deputado Vicente Cândido, do PT, a meu ver é uma proposta indecorosa, não passa de mais uma trapaça política para eleger os mesmos. Já passou da hora de esses políticos espertalhõ­es para- rem de brincar com o voto do eleitor. Em vez desse despropósi­to, seria mais sensata uma proposta que contemplas­se o voto facultativ­o e o voto distrital. Com certeza melhoraria muito a representa­tividade do eleitor. Além do mais, essa proposta de lista fechada é a maneira mais descarada de esconder embaixo do tapete as velhas raposas do sistema político brasileiro. JOSÉ DA SILVA jsilvame@gmail.com Osasco

Um dia, talvez

Nossos políticos velhacos têm certeza absoluta que todo o povo deste país é muito tolo. Não se pode negar que há quem apoie a tal lista fechada, porém a maioria sabe que nossos legislador­es usam de subterfúgi­os que pareçam legais para continuar nesse mundo de roubalheir­a. É claro que a tal lista seria composta só pela pior espécie de políti-

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