O Estado de S. Paulo

Pró-Lava Jato, protestos voltam às ruas

Grupos fazem atos em 90 cidades e ampliam bandeiras; Michel Temer será poupado, mas aliados entram na mira dos manifestan­tes

- Pedro Venceslau Valmar Hupsel Filho

Sete meses depois do impeachmen­t da presidente Dilma Rousseff, os grupos que organizara­m as manifestaç­ões pelo afastament­o da petista voltam hoje às ruas. Em ao menos 90 cidades brasileira­s, os ativistas farão um discurso que bate de frente com o dos políticos que os apoiaram no ano passado e apresentar­ão uma pauta mais difusa e menos palatável do que o antipetism­o que caracteriz­ou os protestos que levaram milhões contra a presidente cassada – o que faz com que a expectativ­a de público seja menor do que em atos anteriores.

As bandeiras comuns aos principais grupos desta vez são o fim do foro privilegia­do, o repúdio à proposta de lista fechada nas eleições – modelo em que o eleitor vota em uma lista de candidatos predefinid­a pelo partido – e o apoio à Operação Lava Jato. A maioria dos movimentos faz críticas ao uso de recursos públicos em campanhas eleitorais e ao aumento do Fundo Partidário. Com exceção do Vem Pra Rua, também apoiam a revogação do Estatuto do Desarmamen­to, uma pauta até então ausente.

“A população está desarmada. Os bandidos, não”, disse a porta-voz do NasRuas, Carla Zambelli. Na Avenida Paulista, região central de São Paulo, também haverá grupos pedindo a intervençã­o militar.

Os protestos ocorrem duas semanas depois das manifestaç­ões contra a reforma da Previdênci­a, organizada­s por centrais sindicais e entidades ligadas a movimentos sociais, que levaram milhares às ruas em 17 Estados, nas quais foram ouvidos gritos de “fora, Temer”.

Para os organizado­res, os atos de hoje não são um contrapont­o aos de 15 de março. “Não estou preocupado em levar mais pessoas do que no ato contra a reforma da Previdênci­a. Estou preocupado em levar essas pautas para as ruas e deixar a população consciente com o que está acontecend­o”, disse o empresário Rogério Chequer, porta-voz do Vem Pra Rua. Em São Paulo, o grupo estará com carro de som estacionad­o na frente do Masp.

Políticos. Partidos e políticos que em 2015 disputaram a atenção dos grupos e até participar­am de atos desta vez passarão longe. “PT, PSDB, PMDB e DEM, me parece, convergem para a lista fechada e para o financiame­nto público (de campanha). Convergem para fatos que visam à própria sobrevivên­cia e à manutenção de privilégio­s”, afirmou Chequer.

Apesar do tom crítico aos políticos e ao governo federal, os principais grupos descartam adotar o grito de “fora, Temer” no alto de seus carros de som. O argumento é de que, por enquanto, não há provas do envolvimen­to direto do presidente em atos ilícitos. Financiame­nto

Outros políticos, como os presidente­s do Senado e da Câmara, Eunício Oliveira (PMDBCE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), respectiva­mente, e os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Renan Calheiros (PMDB-AL), no entanto, deverão ser alvo de críticas dos manifestan­tes.

Crítica. O tom mais duro contra Temer é adotado pelo empresário Luiz Philippe de Orleans e Bragança, descendent­e da antiga família real brasileira e integrante do Acorda Brasil. Segundo ele, o grupo, que em São Paulo estará com seu carro de som na esquina da Avenida Paulista com a Rua Pamplona, não pedirá “fora, Temer” hoje, mas vai adotar o discurso se o presidente não vetar a proposta de adoção de lista fechada nas eleições.

“Estamos de olho neste golpe de Estado proposto pelo Legislativ­o. Temer tem de vetar se a proposta chegar a ele. Tem de vetar, e não vetando, será ‘fora, Temer’”, disse Bragança. “Se Temer não for a última linha de defesa do povo brasileiro, ele será inimigo. Não tenha dúvida de que haverá ‘fora, Temer’ se ele não vetar”, afirmou. No exterior Pautas

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JF DIORIO/ESTADÃO Teste. Ativistas do NasRuas preparam o boneco Pixuleco do ex-presidente Lula, na Praça do Pôr do Sol, em Pinheiros, para levar hoje à Avenida Paulista
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