Delegado sugere mudar lei e acelerar apreensões
Hoje, a polícia tem de esperar decisão judicial para poder ir atrás do veículo; pedido de financeira leva até 2 anos
O diretor do Departamento de Investigações Cr i minai s (Deic), delegado Emydio Machado Neto, defendeu a alteração da legislação sobre os carros “NP”, o “Ninguém Paga”. Para ele, é preciso que a polícia tenha a possibilidade de agir mais rapidamente para recuperar os veículos – atualmente ela tem de esperar decisão judicial para poder aprender o veículo.
“Esse instrumento está sendo usado pelo crime”, afirmou. Segundo ele, golpistas usam documentos falsos ou laranjas para comprar o veículo financiado. “Pagam uma parcela e depois vendem. Quando o banco vai atrás do inadimplente, descobre a farsa.” Não existem números sobre o tamanho do gol- pe, pois ele se esconde dentro da taxa de inadimplência das instituições financeiras das montadoras – esta, cresceu de 3,9% em 2012 para 4,6% em 2016.
Para o delegado Valter Abreu, titular da Divisão de Roubo e Furto de Veículos e Cargas (Divercar) da Polícia Civil de São Paulo, além dos carros financiados com documentos falsos, os bandidos também vendem carros roubados com documentos e laudos falsos.
“A financeira não tem como saber se é vítima de estelionato ou se está diante de um inadimplente. Para recuperar o veículo, ela entra com um pedido de busca e apreensão na Justiça, na área cível. Quando não acha, ela leva de um a dois anos para procurar a polícia.”
Estelionato. Além do NP e dos veículos roubados e com licenciamento atrasado em razão de débitos, os carros “só para rodar” podem ter ainda uma outra fonte: o golpe da revenda de veículos. “Há lojas que vendem carros deixados em consignação, não pagam quem deixou lá e não passam o documento para quem comprou”, afirmou Abreu. Foi o que aconteceu em uma loja do Bom Retiro que fez mais de uma centena de vítimas em janeiro. A polícia pediu a prisão preventiva do comerciante, que até agora está em liberdade.