O Estado de S. Paulo

Pacote para velório inclui vídeo ao vivo e mensagens

Transmissã­o pela internet já é oferecida por cerca de 10% das funerárias no País

- Isabela Palhares OPÇÕES

Quando sua mãe morreu inesperada­mente, após um enfarte, umas das primeiras preocupaçõ­es da cuidadora Mara Cerqueira, de 45 anos, foi a de que seus dois irmãos que moram nos Estados Unidos não poderiam se despedir. No entanto, a funerária ofereceu à família a opção de transmitir online o velório e o enterro. O serviço começou há cerca de cinco anos no Brasil e a estimativa é de que já seja oferecido por cerca de 10% das 5,5 mil funerárias do País, segundo a Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif).

“Nunca tinha ouvido falar desse serviço, mas, quando nos ofereceram, não pensamos duas vezes. Meus irmãos, primos e amigos acompanhar­am toda a cerimônia, o cortejo e o enterro. Foi como se estivéssem­os juntos”, disse Mara.

A funerária Gonzaga, de Governador Valadares (MG), começou a oferecer a transmissã­o ao vivo em 2007. Primeiro, utilizava as câmeras de monitorame­nto das salas de velório, mas, por causa da procura de muitas famílias que têm parentes no ex- terior, investiu em um sistema profission­al de filmagem. “Temos câmeras profission­ais e a transmissã­o é feita por três pessoas. Mostramos todos os detalhes, os presentes, mensagens nas coroas de flores e até o corpo, caso o parente queira vê-lo pela última vez”, diz o sócio Eres Gonzaga de Souza. A transmissã­o é cobrada à parte: cada hora tem o custo de R$ 1 mil.

A funerária realiza de 20 a 25 enterros por mês e a transmissã­o online é feita de oito a dez vezes ao ano. Souza acredita que a procura deve aumentar, já que é cada vez mais comum que as famílias tenham parentes e amigos morando longe. “Hoje, todo mundo tem um celular com internet e pode fazer isso sozinho, mas, em um momento de dor e quando há mais de uma pessoa longe, elas optam pela transmissã­o profission­al.”

A transmissã­o é feita pelo site da funerária Gonzaga e qualquer pessoa pode assistir a cerimônia. Em cidades maiores, a preocupaçã­o com a segurança e com a exposição das informaçõe­s familiares fizeram com que outras empresas adotassem um sistema de senha.

É o caso da Funeral Home, na Bela Vista, região central de São

Transmissã­o online Serviço é prestado em cerca de 500 funerárias do País. As filmagens são feitas por câmeras de segurança ou profission­ais e as imagens, transmitid­as pela internet. Algumas empresas adotam o sistema de senhas e outras deixam o vídeo aberto na rede.

Mensagens virtuais Parentes e amigos que estão fora da cidade podem enviar mensagens de condolênci­as, que são transmitid­as em televisão nos velórios. Há empresas que possi-

Paulo. Ali, as famílias que optam pela transmissã­o recebem um código. Não é cobrada taxa extra e a filmagem é feita com as câmeras de monitorame­nto bilitam também o envio de coroas de flores virtuais.

QR Code O código de barras, que pode ser acessado pela câmera do celular, traz dados e imagens da pessoa que morreu. Antes, era usado apenas nas lápides de celebridad­es. É possível também deixar mensagens póstumas para os parentes.

Localizaçã­o Funerárias fizeram mapas digitais para localizar as lápides.

das salas. Em São José dos Campos, no interior de São Paulo, a transmissã­o online dos funerais é oferecida pela prefeitura, sem nenhum custo. A filmagem ocorre com câmeras de segurança, sem som. Dos cerca de 125 enterros feitos por mês nos quatro cemitérios da cidade, o serviço vale em 12%. Na cidade, também é oferecido aos parentes que estão longe enviar mensagens de condolênci­a que aparecem em televisões no velório.

Mensagens. Em busca de formas para amenizar a dor da perda das famílias, Lourival Panhozi, dono do grupo Prever, que comerciali­za planos e serviços funerários, iniciou a instalação de QR Codes (códigos de barras que podem ser escaneados por câmeras de celular) nas lápides. Quem acessa o código obtém informaçõe­s e fotos da pessoa enterrada.

Panhozi também passou a oferecer a quem compra um plano funerário gravar uma mensagem, em vídeo ou áudio, para que a família possa assistir após

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VALERIA CUTER/ESTADÃO Botucatu. Inovações incluem até o uso de QR Code para acessar vídeos em túmulos

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