Pressão de moradores faz eventos ficarem restritos a um só dia
Grupo protestou contra barulho produzido por shows; gestão Doria não descarta mudanças em modelo da Vila Madalena
O “Parque da Vila Madalena” não é unanimidade na região. Incomodados com os decibéis a mais que as atividades representam e com as restrições de trânsito, moradores do bairro já fizeram diversas reclamações e até um abaixo-assinado contra o projeto – o que motivou recentemente uma reunião de conciliação entre as partes, promovida pela Prefeitura, além de mudanças nos eventos. No fogo cruzado entre apoiadores e opositores, a gestão João Doria (PSDB) diz que o atual modelo está em “fase de verificação”.
No início do projeto, os eventos eram realizados todos os sábados, domingos e feriados. Os shows também ocorriam em um palco montado na rua – e não em um espaço restrito, co- mo na garagem da galeria.
No fim de fevereiro, o prefeito regional de Pinheiros, Paulo Mathias, fez uma reunião entre os interessados. Nela, decidiuse restringir os eventos realizados na Rua Medeiros de Albuquerque apenas aos domingos.
Moradores da Vila Madalena haviam coletado 317 assinaturas denunciando, entre outros itens, o barulho e a “inadequação de mobilidade” provocados pela programação, principalmente do Armazém da Cidade, o principal organizador do “parque”. Responsável pelo espaço, o jornalista Gilberto Dimenstein também incentivou o público a produzir uma petição online e conseguiu mais de 2 mil assinaturas a favor do projeto.
Para Baixo Ribeiro, criador da galeria Choque Cultural, o problema do barulho “não é insolúvel”. “Com concertos na garagem, temos música de qualidade e com baixíssimos decibéis”, diz. “Antes, o palco ficava na rua, os gêneros musicais variavam, e tinha amplificação.”
A mudança, porém, é considerada recente pela Prefeitura. “Não somos contra o projeto cultural, somos contra excessos de ambas as partes”, diz Paulo Mathias, prefeito regional de Pinheiros. Para ele, a ocupação do espaço deveria ter sido feita “de forma mais ordenada”, a fim de evitar os problemas.
“Ainda não sabemos se o acordo está surtindo efeito, até por conta do pouco tempo que houve para avaliar. Está em fase de verificação”, diz Mathias. Segundo ele, a administração também não descarta mudanças.
Mesmo com a apresentação “mais comportada”, moradores voltaram a usar as redes sociais para reclamar do barulho, após apresentação do maestro João Carlos Martins. “O que fizeram com os moradores é uma perversão tamanha que causa espanto em qualquer pessoa. O direito de descansar e de ir e vir aos fins de semana foram destituídos”, publicou o técnico em informática Flamaryon Wellington Miguez, no Facebook.
Para atenuar os problemas, a Sociedade Amigos de Vila Madalena (Savima) quer revezamento entre as ruas da prefeitura regional. Segundo o presidente da entidade, Cassio Calazans, a proposta será feita à gestão Doria. “Pinheiros tem uma área grande, não precisa ser sempre na Medeiros de Albuquerque”, diz Calazans, que cita o Largo da Batata como uma das opções. “Além de diminuir o impacto, levaria atividades a outras áreas do bairro.”
Revitalização. A Prefeitura prepara um projeto de acessibilidade para o Beco do Batman, a ser implantado a partir de abril. Segundo Mathias, a proposta é construir rampas de acesso, além de aumentar a fiscalização de estabelecimentos no entorno. O município também iniciou a troca de lixeiras antigas por estruturas maiores.