QUANTO CUSTA FORJAR UM ATLETA? R$ 800
relação às políticas públicas para o esporte. Os pesquisadores percorreram dez estados para cruzar informações sobre a participação de atletas na Olimpíada de 2012 (Londres) e o orçamento dos governos locais destinados ao esporte. “Em termos municipais, só a cidade de São Paulo tem programas sistematizados de formação de atletas. Existem poucas exceções no País”, diz Maria Tereza Silveira Böhme, professora e coordenadora da pesquisa.
O Centro Olímpico é o território onde nascem atletas. Por volta dos 13, 14 anos, eles ainda gaguejam nas respostas e travam diante das câmeras. São obrigados a fazer caber nos corpos mirrados, ainda rascunhos de campeões, a exigência e a disciplina dos treinamentos diários juntamente com as futilidades naturais que fazem parte da adolescência.
A corredora Aylana Ferreira Cézar ficou tensa ao contar sua história para o Estado. Volta e meia olhava para a mãe, Adriana, em busca de socorro na hora da entrevista. No ano passado, ela saiu de Maresias, litoral norte de São Paulo, para morar com a avó na capital e ficar mais perto do local de treinamento. Aluna do 8.º ano do colégio Madre Cabrini, na Vila Mariana, é uma das velocistas mais promissoras de sua geração nos 800 m e 1000 m. “Primeiramente, quero disputar o Brasileiro sub-16. Depois, começar a pensar maior e a conquistar os índices. Quero disputar uma Olimpíada”, diz a fã do tricampeão olímpico Usain Bolt.
Graziela, mãe de Gustavo Rua, explica orgulhosa que o filho já vive do boxe. Com patrocinadores de peso, entre eles, a Everlast Brasil, além do acompanhamento de nutricionista e psicólogo, o lutador de 14 anos já fala como atleta. Campeão paulista por duas federações diferentes na categoria até 57 quilos, ele vai disputar seu primeiro torneio nacional neste ano. Já tem até um nome de boxeador: Guga Rua. “Eu estarei na Olimpíada de 2020. Eu sei que preciso dormir cedo, treinar duas vezes por dia, deixar de lado a vida de adolescente, mas vai valer a pena.”
Com as frases bem feitas, com começo, meio e fim, Daniela Gonçalves quer jogar basquete, no Brasil ou no exterior. Nos dias de folga dos treinos, ela adianta as lições do 9.º ano da escola Projeto Vida, na Casa Verde. “A gente tem de organizar o tempo para poder sonhar.”