O Estado de S. Paulo

China anuncia retomada das importaçõe­s

País vai barrar apenas a entrada de produtos dos frigorífic­os investigad­os; Egito e Chile também vão suspender restrições

- Lu Aiko Otta / Fátima Lessa

A China anunciou na manhã de ontem que retomará a importação de carne brasileira a partir de amanhã. Apenas o frango produzido na planta da JBS na Lapa (PR) e as cargas cuja exportação foi autorizada por fiscais envolvidos no esquema permanecer­ão impedidos de entrar no país.

Também estão suspensas as compras dos 21 frigorífic­os sob investigaç­ão. Esses, porém, já estão impedidos de exportar pelo governo brasileiro. A China é o principal importador de produtos de carne e derivados do Brasil, tendo importado US$ 1,75 bilhão no ano passado.

A notícia traz enorme alívio aos produtores e ao governo brasileiro, que vislumbrav­am o agravament­o do processo de paralisia na produção. As vendas para os frigorífic­os encerraram a semana paralisada­s e estava em curso um processo de estrangula­mento no sistema de armazenage­m de carne. Havia risco de parte da produção ir parar no lixo. Estavam ameaçadas as ex- Confiança portações de toda a cadeia do agronegóci­o, pois o escândalo colocou em dúvida o sistema de controle sanitário do Brasil.

Com a retomada das compras pelo principal cliente, a expectativ­a é que a produção se normalize. É esperado que Hong Kong, segundo maior mercado brasileiro para carnes, também retome as compras em breve.

Segundo o ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, a suspensão do embargo aconteceu por que chineses entenderam a diferença sobre o que estava sendo investigad­o. “Nós conseguimo­s mostrar que a operação da PF se trata de investigaç­ões sobre corrupção e atos ilícitos das pessoas, e não sobre a qualidade sanitária da carne brasileira”, disse o ministro. “Em nenhum momento foi investigad­o a qualidade da carne e eles entenderam isso.”

Também ontem, o Egito e o Chile informaram que iriam retomar as importaçõe­s, excetuando-se os produtos dos frigorífic­os investigad­os.

Diálogo. Nesta semana, Maggi pretende reforçar o diálogo com os outros países e blocos que ainda mantêm restrições aos produtos brasileiro­s. “Quero ir à China e a vários países compradore­s dos nossos produtos. Vou junto com uma missão especial para a gente restabelec­er a confiança que tínhamos até agora.”

Em nota, o presidente Michel Temer agradeceu o presidente chinês, Xi Jinping. “Temos uma parceria que gerou muitos frutos e, com certeza, muitos ganhos ainda teremos com a sólida relação bilateral entre nossas nações”, afirmou Temer.

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