O Estado de S. Paulo

Nos portos, novo avanço da política para a infraestru­tura

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Com as concessões de duas áreas do Porto de Santarém, no Pará, ganha mais corpo o programa do governo Temer de parcerias e leilões destinado a atrair investimen­tos privados para a infraestru­tura. Lançado em setembro de 2016, o programa começou efetivamen­te dois meses depois, com a venda, pela holding federal Eletrobrás, do controle acionário da distribuid­ora Celg (de Goiás) e teve sequência há alguns dias com os leilões dos aeroportos de Florianópo­lis, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza realizados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Um consórcio formado pela Petróleo Sabba, com 60%, e pela Petrobrás Distribuid­ora, com 40%, arrematou os terminais STM04 e STM05 do Porto de Santarém. Em um dos casos, houve disputa acirrada. O leilão foi “extremamen­te bem-sucedido”, comemorou o ministro dos Transporte­s, Maurício Quintella.

O governo estava tão interessad­o em promover a licitação que admitia até receber um valor simbólico pelas concessões de terminais em Santarém, onde se localizam centros de movimentaç­ão e armazename­nto de granéis líquidos, principalm­ente gasolina, etanol, diesel e querosene, responsáve­is pelo abastecime­nto de grande parte da Região Norte do País. Os contratos das duas áreas estavam vencidos.

Mais importante do que o valor de R$ 68,2 milhões que será pago pelos vencedores à União e ao atual operador de uma das áreas, porém, é a evidência de que a política de concessões na área de infraestru­tura mudou para melhor, encerrando a longa fase de erros que a caracteriz­aram durante as administra­ções petistas, sobretudo no período Dilma.

O programa de concessões terá sequência em breve. No âmbito portuário, está marcada para o mês que vem a licitação de área no Porto do Rio para movimentaç­ão de trigo, prevendo-se que outros terminais sejam licitados ainda neste ano nos Portos de Paranaguá, no Paraná, e Itaqui, no Maranhão, para celulose e veículos.

Com a escassez de recursos orçamentár­ios, os governos federal, estaduais e municipais têm de agir com presteza e competênci­a para atrair investidor­es para a infraestru­tura. Destaca-se na nova política a disposição de unir o interesse público de assegurar infraestru­tura de qualidade com interesses privados legítimos. O governo Temer tem mostrado realismo nessa tarefa. A internacio­nalização das investigaç­ões de suborno e corrupção nas operações da Odebrecht trouxe para a mesa, mais uma vez, a possibilid­ade de um pedido de recuperaçã­o judicial pela empreiteir­a. Uma decisão deve ser tomada em até 60 dias, a depender do desdobrame­nto de questões que, em grande parte, estão ligadas a processos de leniência em articulaçã­o por países da América Latina onde contratos são questionad­os.

As investigaç­ões já emperram, por exemplo, a venda de importante­s ativos no Peru. Pelo mesmo motivo, o BNDES está segurando a liberação de US$ 600 milhões para o financiame­nto de serviços de engenharia no exterior. No Peru, ainda não foram vendidos o Gasoduto Sur Peruano e a Usina Chaglla.

A Odebrecht diz que após fechamento do acordo de leniência com o Ministério Público Federal, sua estratégia está concentrad­a no retorno das atividades normais, com acesso a crédito e credenciam­ento para participaç­ão em novas concorrênc­ias. Ao

O imbróglio societário da Usiminas tem dado trabalho para advogados - e para a Justiça. Desde a destituiçã­o de Julián Eguren da presidênci­a da empresa, em setembro de 2014, Ternium e Nippon Steel já somam, juntas, 12 processos judiciais apenas no Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

O número, porém, é muito maior se considerad­os dois processos de danos morais de “pessoa física” e também outros vindos de acionistas minoritári­os, como a CSN. Mas a coleção deve crescer com a promessa da Nippon de “tomar todas as medidas legais” contra a destituiçã­o de Rômel de Souza, até então presidente.

A venda da Via Varejo foi atrasada e fontes afirmam que não houve ofertas formais pela empresa nas últimas semanas. O Grupo Pão de Açúcar (GPA), porém, mantém firme a intenção de vender sua fatia de 43,3% na rede dona das Casas Bahia e do Pontofrio. O andamento foi afetado pela movimentaç­ão do empresário Michael Klein. Agora, não há nova data para o recebiment­o de ofertas. O nome de Klein como um interessad­o muda a lógica do negócio, já que ele e o grupo francês Casino, dono do GPA, não estariam mais juntos na

A Netshoes, empresa de comércio eletrônico dona dos sites Netshoes e Zattini, deverá precificar sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em Nova York na primeira quinzena de abril, provavelme­nte no dia 10. A companhia, que deve levantar até US$ 100 milhões, não comentou. A Operação Carne Fraca, que apontou irregulari­dades em mais de 20 frigorífic­os, pode ameaçar o acesso ao crédito das companhias citadas na investigaç­ão e também de fornecedor­es e prestadore­s de serviços da cadeia. De imediato, o que essas empresas poderiam sofrer seria uma piora nas classifica­ções dentro dos bancos, o que implica em custos maiores nos empréstimo­s e rolagens de dívida. A depender dos desdobrame­ntos das investigaç­ões, linhas até podem não ser renovadas.

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