O Estado de S. Paulo

PRODUTOR DE MILHO DA REGIÃO BUSCA DESTINO PARA SAFRINHA

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Os criadores de perus e frangos não são os únicos produtores do município que estão perdidos com a paralisaçã­o do complexo frigorífic­o da Perdigão na cidade. A apreensão com o desdobrame­nto da Operação Carne Fraca também levou os produtores de milho a se reunirem para fazer contas e tentar encontrar uma rota alternati- va para a venda da “safrinha”, que começará a ser colhida em junho.

Praticamen­te 40% da safra local do milho costuma ser consumida pela BRF, investigad­a na operação da Polícia Federal. O grão é misturado ao farelo de soja e transforma­do em ração para as aves criadas no município. A previsão é de que a safrinha de Mineiros produza cerca de 760 mil toneladas de milho.

Nos cálculos da Cooperativ­a Mista Agropecuár­ia do Vale do Araguaia (Comiva), que reúne 1,3 mil produtores de grãos da região, a fábrica da Perdigão ficaria com cerca de 300 mil toneladas dessa produção neste ano.

Neste momento, porém, nada está decidido. “Os produtores conseguira­m vender só 5% de toda a produção da safrinha até agora”, lamenta Marco Antônio Campos, presidente da Comiva. “Nessa época do ano, já devíamos ter negociado mais de 70% do que será colhido.”

Produtor de milho e dono de granjas no município, Campos afirma que o cenário econômico já vinha pressionan­do a queda do preço do milho, situação que tende a se intensific­ar com a crise da carne. Em condições regulares de mercado, a saca do grão estaria sendo negociada a um preço médio de R$ 26, mas o valor que tem sido praticado gira em torno de R$ 20 a saca.

“Se essa situação com o frigorífic­o persistir, sabe-se lá o que vai acontecer com o setor. O jeito é começar a buscar outros mercados”, afirma Campos.

Há três meses, Campos colocou para funcionar as novas instalaçõe­s da granja de perus que instalou em sua fazenda. Foram R$ 2 milhões gastos na am- pliação da estrutura que já tinha recebido investimen­to inicial de R$ 1,8 milhão. Desse recurso, 90% vieram de financiame­nto do Banco do Brasil, empréstimo para ser pago em dez anos. “A apreensão é grande porque também assumi os riscos financeiro­s”, diz ele.

“Esse deveria ser o melhor momento para o meu negócio, mas está se transforma­ndo em um grande problema, e sem solução a caminho.”

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Apreensão. Vice-presidente da Avip teme por um efeito cascata na região

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