O Estado de S. Paulo

Governo reclama de pouco empenho de governador­es

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Na semana passada, o anúncio feito pelo presidente Michel Temer de que os servidores estaduais e municipais ficariam de fora da reforma da Previdênci­a provocou surpresa entre os governador­es, que terão agora de lidar com as mudanças na Previdênci­a de seus Estados.

Na ala política do governo, a avaliação é de que a mudança nas regras “salvou” a aprovação da reforma – era uma exigência dos próprios deputados. Mas a queixa dentro do governo é grande com relação aos governos estaduais.

Interlocut­ores do presidente consideram que faltou empenho dos governador­es aliados para a mobilizaçã­o dos parlamenta­res das suas bancadas, principalm­ente dos Estados maiores, como Geraldo Alckmin, de São Paulo, e Luiz Fernando Pezão, do Rio.

Durante a semana passada, o próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mandou recado aos Estados, pedindo mais seriedade no envio e aprovação de medidas de austeridad­e fiscal.

Para o secretário de Acompanham­ento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, se os governador­es demorarem a encaminhar suas reformas, até mesmo a obtenção de novas garantias do Tesouro Nacional para empréstimo­s ficará comprometi­da.

Procurada, a assessoria do governador de São Paulo respondeu que Alckmin sempre defendeu a necessidad­e e a urgência na reforma da Previdênci­a, inclusive com os parlamenta­res, mas respeitand­o a autonomia de cada congressis­ta.

Segundo o governo paulista, é preciso aguardar o detalha- mento da proposta por parte do governo federal e ressaltar que os princípios gerais da Previdênci­a devem ser estabeleci­dos pela legislação federal e precisam valer para todos os trabalhado­res, tanto os da iniciativa privada quanto os do setor público em seus três níveis.

O governador Pezão respondeu às críticas por meio de uma nota. Segundo ele, cada Estado fará o seu dever de casa, mas há medidas que terão de passar pelo Congresso porque estão na Constituiç­ão, como aposentado­rias especiais e a idade mínima.

Na avaliação dele, não é possível legislar sobre essa questão. “Mas eu não vejo como ruim passar para cada Estado a responsabi­lidade de tomar suas medidas. Cada vez mais, a autonomia federativa deveria funcionar para tudo, até para impostos, leis penais, leis trabalhist­as. Quanto mais autonomia, melhor”, alfinetou Pezão na nota.

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