O Estado de S. Paulo

Setor público é o maior caloteiro das contas de luz

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Apesar de o maior número de ligações irregulare­s ser nas favelas, é nas mansões e nos bairros nobres do Rio que ocorrem os maiores assaltos elétricos. Donos de casas de luxo roubam energia para fazer a manutenção de suas piscinas, por exemplo, consumindo um volume de energia muito superior à média de pequenas casas. Dentro da clientela ilegal, as áreas nobres respondem por 55% do total desviado, segundo a Light.

Em janeiro, a Light fez 30,4 mil inspeções para encontrar ligações irregulare­s. Foram identifica­das 20,4 mil irregulari­dades, um índice de acerto de aproximada­mente 70%. “Neste mesmo período, foram efetuados junto à polícia 26 registros de ocorrência, com quatro prisões”, informou a empresa.

O setor público, que deveria ser exemplo de responsabi­lidade financeira com o setor elétrico é na verdade seu principal caloteiro. Por consequênc­ia, também afeta a contabilid­ade das distribuid­oras de energia todos os meses e o bolso da população.

A iluminação pública e os órgãos municipais e estaduais lideram a lista de inadimplên­cia em todo o País, segundo dados do Instituto Acende Brasil. Enquanto o calote de ao menos três meses nas contas de luz oscilou entre 2,6% e 3% em 2015 entre con- sumidores residencia­is, comerciais e industriai­s, no poder público o índice dobrou, indo a 6%.

Nos últimos anos, a inadimplên­cia registra volumes crescentes, saltando de R$ 3,2 bi em 2013 para mais de R$ 5 bi em 2015. É um reflexo da alta das tarifas após a eleição presidenci­al de 2014. Em 2015, a conta de luz subiu mais de 50% devido ao “realismo tarifário”, que interrompe­u o controle artificial do preço de energia, pelo governo, nos anos anteriores. Pelas regras atuais, a distribuid­ora de energia pode realizar o corte do consumidor por conta de inadimplên­cia, mas só tem 90 dias para tal. Após esse prazo, a empresa não pode suspender a energia por conta de fatura vencida e não paga.

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