O Estado de S. Paulo

Brasileira­s rodam o mundo em busca de empreended­oras

Por meio do projeto, elas vão visitar 26 países para divulgar exemplos de mulheres de sucesso em todo o mundo

- Carolina Ingizza

Uma dupla de brasileira­s está viajando pelo mundo para produzir um documentár­io sobre a vida e os desafios de mulheres que decidiram criar suas próprias startups. Até agora, as consultora­s de negócios Taciana Mello e Fernanda Moura, de 47 e 42 anos, já viajaram por 11 países e chegaram, na semana passada ao Brasil, para uma maratona de entrevista­s. No final de abril, elas seguem para Chile e outros 14 países para completar a “volta ao mundo”.

A ideia do projeto, chamado The Girls on the Road (As garotas na estrada, em tradução livre) nasceu em 2016, quando elas moravam nos Estados Unidos. “Participáv­amos de eventos de empreended­orismo e percebemos que havia poucas mulheres liderando empresas”, conta Fernanda. Isso fez as con- sultoras estudarem a fundo o tema. A conclusão é de que a falta de autoconfia­nça, a ausência de modelos femininos de sucesso para se inspirar e de financiame­nto dos investidor­es são as principais causas do problema.

O documentár­io surgiu com o objetivo de suprir a falta de exemplos de mulheres empreended­oras. A jornada, iniciada em julho de 2016, levou as mulheres a países como Coreia do Sul, Japão, Canadá e México. Até agora, a maior parte da viagem foi financiada por recursos próprios: elas fizeram uma campanha de financiame­nto coletivo no valor de US$ 40 mil, mas só conseguira­m US$ 3,5 mil.

Roteiro. As brasileira­s selecionar­am os países com base no Global Entreprene­urship Monitor (GEM), principal estudo sobre empreended­orismo no mundo. Elas incluíram países onde a criação de novos negócios é motivada pela sede por inovação, como os EUA, mas também locais em que é impulsiona­do pela necessidad­e, como na África. “Queríamos visitar lugares em que a mulher encontra uma situação social be- néfica, mas também locais em que a condição das mulheres é muito mais degradante que a dos homens”, diz Taciana.

Em cada país, elas visitaram, em média, 15 empreended­oras. As entrevista­s ajudaram Taciana e Fernanda a entenderem melhor o perfil das mulheres ao redor do mundo. No Japão, apesar do alto grau de desenvolvi­mento tecnológic­o e econômico, as mulheres ainda são oprimidas. “Há uma pressão social forte para que depois do casamento ou do nascimento do primeiro filho, a mulher saia do mercado de trabalho”, conta

Diversidad­e Fernanda.

A Austrália foi palco da melhor história que as brasileira­s ouviram até agora. Solange Cunin, uma australian­a de 23 anos, fundou a Cuberider, uma plataforma online para ensinar ciência, matemática e tecnologia para estudantes. Em parceria com o governo, a startup recolhe projetos de estudantes e manda para a Estação Espacial Internacio­nal (ISS, na sigla em inglês), onde astronauta­s testam as pesquisas e enviam os resultados de volta para a Terra.

“Ela é jovem e uma visão muito clara de querer mudar o mundo e transforma­r a educação dos jovens do futuro”, afirma Fernanda.

Novo capítulo. Para a segunda fase de viagens, que inicia-se em abril, as brasileira­s planejam visitar Chile e Cuba, além de outros países na Europa, Oriente Médio e África.

“A gente quer saber o que as cubanas têm feito, como é que estão vendo a possibilid­ade de ter seu próprio negócio”, explica Taciana.

 ?? NILTON FUKUDA/ESTADÃO-23/3/2017 ?? Mochilão. Fernanda e Taciana estão de passagem pelo Brasil
NILTON FUKUDA/ESTADÃO-23/3/2017 Mochilão. Fernanda e Taciana estão de passagem pelo Brasil

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil