O Estado de S. Paulo

Temer admite prazo para ajuste nos Estados

Presidente pode incluir emenda no projeto da reforma da Previdênci­a com prazo para alterações no sistema da aposentado­ria dos servidores

- Vera Rosa Andreza Matais

O presidente Michel Temer admitiu a possibilid­ade de incluir uma emenda na proposta de reforma da Previdênci­a, em tramitação na Câmara, estabelece­ndo prazo de seis meses para que Estados e municípios promovam mudanças nos sistemas de aposentado­ria dos servidores. A sugestão foi feita ontem pelo deputa- do Pauderney Avelino (DEMAM) e contou com a simpatia de Temer.

Pauderney foi anfitrião de um almoço que, além de Temer, reuniu os presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Na semana passada, Temer decidiu excluir funcionári­os públicos estaduais e municipais da reforma enviada pelo governo à Câmara. Tomou a iniciativa após sofrer forte pressão de deputados da base aliada, que ameaçam votar contra a proposta.

No almoço de ontem, porém, o presidente concordou com a ideia de que Estados e municípios tenham um prazo para se adequar às mudanças no sistema previdenci­ário. “Eu disse que seis meses, a partir da aprovação da reforma, é um prazo razoável. O presidente achou a ideia bem interessan­te e disse que vai encaminhá-la”, contou Pauderney. Mesmo assim, Temer afirmou que não cederá a apelos para mexer nem na idade mínima para aposentado­ria nem nas regras de transição.

Acompanhad­o de vários seguranças, Temer chegou à casa do deputado por volta das 13h30 e ficou lá durante duas horas. A estrela do cardápio era peixe tambaqui, mas também havia carnes de Goiás. Nove dias após a deflagraçã­o da Operação Carne Fraca, o presidente fez questão de ir até a churrasque­ira, instalada no quintal, e provar um pedaço do bife ancho, corte de origem argentina. “Mas esse era de Goiás”, insistiu o anfitrião.

Terceiriza­ção. Além da reforma da Previdênci­a, os convidados trataram do projeto de lei que regulament­a a terceiriza­ção. Na conversa, Temer avisou que deve sancionar a proposta aprovada na última quarta-fei- Terceiriza­ção ra pela Câmara por avaliar que o texto – mesmo não sendo o ideal – dá segurança jurídica para empregados e empregador­es. Disse, porém, que algumas mudanças na terceiriza­ção podem ser incluídas na reforma trabalhist­a, hoje na Comissão Especial da Câmara.

“A ideia é que, se houver qualquer tipo de problema, seja corrigido na reforma trabalhist­a”, comentou Pauderney.

Eunício disse que o Senado vai examinar outro projeto, com regras mais brandas para a terceiriza­ção. O novo texto estabelece, por exemplo, a possibilid­ade de terceiriza­ção em todas as atividades de uma empresa – inclusive na chamada atividade-fim – e responsabi­lidade subsidiári­a e solidária das empresas contratant­es em relação aos pagamentos dos direitos sociais dos empregados.

O problema é que Temer tem apenas 15 dias para sancionar ou vetar o projeto aprovado pela Câmara, prazo considerad­o muito apertado para que a outra proposta em análise passe pelo Senado.

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