O Estado de S. Paulo

Cinco frigorífic­os já foram interditad­os

Auditorias realizadas após anúncio da operação Carne Fraca devem ser concluídas em duas semanas e número de interdiçõe­s pode crescer

- Lu Aiko Otta /

O “pente-fino” que o Ministério da Agricultur­a está fazendo nos 21 frigorífic­os alvos da operação Carne Fraca, da Polícia Federal, já resultou na interdição de cinco deles. O número pode crescer, já que as auditorias só deverão ser concluídas em duas semanas. Esse dado deverá constar de um balanço que o ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, pretende apresentar hoje.

Além das três plantas fechadas após a operação – duas da Peccin (no Paraná e em Santa Catarina) e uma da BRF em Mineiros (GO) –, os fiscais interdi- taram unidades da Souza Ramos e da Transmeat, no Paraná, onde foram detectados problemas na matéria-prima e no produto final. Os produtos dessas unidades da Souza Ramos, Transmeat e Peccin são objeto de recall anunciado pela Secretaria do Consumidor do Ministério da Justiça na sexta-feira. A unidade da BRF produz para o mercado externo.

Na frente das exportaçõe­s, a prioridade do governo passou a ser o destravame­nto das exportaçõe­s para Hong Kong, o segundo maior mercado para carnes e derivados do País, com compras de US$ 1,5 bilhão em 2016. O ministro confia que as vendas serão reabertas em breve.

Hong Kong é um entreposto comercial e muito de suas importaçõe­s têm como destino a China. Como esta reabriu seu mercado no sábado, a avaliação é que Hong Kong fará o mesmo. Inclusive porque os empresário­s locais que operam as vendas para a China começarão a pressionar pela retomada das compras do produto brasileiro.

Amanhã, Maggi deverá reunir-se com o comissário europeu para Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukait­is. A União Europeia suspendeu as compras de carne e derivados apenas das 21 plantas sob investigaç­ão. As exportaçõe­s dessas unidades estão suspensas por decisão do governo brasileiro.

Hoje, Maggi também se reúne com os 27 superinten­dentes do Ministério nos Estados. A operação mostrou que o esquema de corrupção para manter funcionand­o frigorífic­os que não atendiam exigências sanitárias passava pelos superinten­dentes. Maggi quer saber de cada um se há disputas políticas que estejam prejudican­do o funcioname­nto da fiscalizaç­ão. Paraná e Goiás, onde o esquema investigad­o pela PF operava, ficarão sob intervençã­o. Pelo menos 19 superinten­dentes são indicações políticas. Decreto assinado pela ex-presidente Dilma Rousseff estabelece cronograma para que esses cargos passem a ser ocupados por fiscais de carreira.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO-15/2/2017 Disputas. Maggi se reúne hoje com superinten­dentes

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