O Estado de S. Paulo

Câmara espera STF para instalar Conselho de Ética

Líderes partidário­s devem aguardar divulgação dos nomes dos deputados que integram nova relação encaminhad­a pela PGR ao Supremo para definir o colegiado

- Daiene Cardoso Isadora Peron /

A instalação da nova composição do Conselho de Ética na Câmara dos Deputados pode atrasar à espera de uma decisão do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, sobre a possibilid­ade de retirar o sigilo dos pedidos de investigaç­ão relacionad­os às delações da Odebrecht.

A aposta nos corredores da Casa é de que os líderes partidário­s vão esperar a divulgação dos nomes dos deputados que fazem parte da “segunda lista” enviada ao STF pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para então escolher com mais segurança quem vai representa­r seus interesses no conselho.

Ontem, Fachin, por meio de sua assessoria, informou que deve decidir apenas em abril sobre a abertura dos 83 inquéritos para investigar políticos. Até lá, o material deve permanecer em segredo de Justiça.

Embora o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já tenha autorizado os partidos a for- malizarem seus representa­ntes, ele ainda não marcou uma data para que o colegiado comece a funcionar. Os partidos também parecem não ter pressa para fazerem as suas indicações. Até agora, apenas duas siglas – PRB e PR – registrara­m os nomes que farão parte da comissão.

O conselho, composto por 21 deputados titulares e 21 suplentes, é responsáve­l por decidir pela abertura de processos que podem, entre outras sanções, levar à cassação do mandato parlamenta­r. Diferentem­ente das comissões permanente­s, onde os líderes podem trocar seus representa­ntes a qualquer momento, no conselho os deputados têm um mandato de dois anos a cumprir, só podendo abrir mão

Data da vaga em caso de renúncia.

Geralmente o Conselho de Ética é instalado logo após o início dos trabalhos das comissões permanente­s, o que ocorreu na semana passada. Diante da hesitação de Maia em marcar uma data para a instalação do colegiado, deputados têm cobrado agilidade no processo. “A lista pode sair amanhã, como pode sair daqui a um mês. Vamos ficar esperando?”, questionou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que foi relator dos processos de cassação dos ex-deputados petistas José Dirceu e André Vargas.

Candidato à presidênci­a do conselho, Sandro Alex (PSDPR) afirmou que é preciso aguardar os próximos dias para ver quando os trabalhos recomeçarã­o. Ele, no entanto, demonstrou preocupaçã­o com a demora. “Tudo é muito estranho, né?”

Indicados. O PRB indicou Ronaldo Martins (CE) para sua única vaga de titular. O PR encaminhou os nomes do atual presidente do conselho, José Carlos Araújo (BA), e de Laerte Bessa (DF) para as duas vagas de titular. O DEM pretende indicar o relator da cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Marcos Rogério (RO), como titular. Rogério também deve disputar a presidênci­a do colegiado.

Alguns partidos, como PT, SD e PP ainda não escolheram seus r e p r e s e n t a n t e s . No PMDB, o único a manifestar o desejo de integrar os trabalhos e disputar uma vaga na mesa foi João Marcelo Souza (MA), filho do senador João Alberto Souza (PMDB-MA), que já presidiu o mesmo colegiado no Senado.

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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL - 15/3/2017 Sem pressa. Partidos já foram autorizado­s por Maia a formalizar­em seus representa­ntes

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