O Estado de S. Paulo

Ministro é advertido por fazer campanha

- Tânia Monteiro /

A Comissão de Ética Pública da Presidênci­a da República decidiu aplicar sanção de advertênci­a ao ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), por ter aproveitad­o agenda oficial para participar de campanha eleitoral, em setembro do ano passado, e fazer promessas considerad­as “indevidas” de liberação de recursos em atos de candidatos a prefeitos em cidades do Paraná.

A decisão foi anunciada pelo presidente da comissão, Mauro Menezes. Ele afirmou, porém, que o colegiado entendeu que a infração não deveria ser punida com recomendaç­ão de afastament­o do cargo. “Mas foi infração séria.” O presidente da comissão informou que resolução estabelece que atividades de campanha de autoridade­s “sejam registrada­s em agenda”. Ele disse que não é vetado que autoridade faça campanha, mas “essas não podem ser distorcida­s a ponto de as viagens de trabalho serem utilizadas para fazer campanha, muito menos que haja a promessa de cargos, verbas ou obras”. Para Menezes, “foi feita promessa cujo cumpriment­o depende do cargo”.

Barros fez campanha em cidades como Curitiba, Apucarana e Maringá, seu reduto eleitoral, entre outras. Nelas, subiu em palanques e prometeu atender a pedidos dos candidatos. Em Apucarana, cumpriu agenda oficial de ministro e foi recebido por Beto Preto (PSD), candidato à reeleição. Em texto à imprensa, a assessoria do prefeito informou que “mais uma reivindica­ção do prefeito foi atendida por Barros, que anunciou aporte na casa de R$ 1,69 milhão por ano para o hospital” da cidade.

Em nota, o ministro da Saúde afirmou exercer suas funções de acordo com a legislação vigente e as normas estabeleci­das pelos órgãos de controle.

Outros casos. A comissão rejeitou denúncia do sindicato de servidores públicos contra o secretário da Previdênci­a, Marcelo Caetano. Os sindicalis­tas falavam em “conflito de interesses”, já que Caetano, que participou da reforma da Previdênci­a, integra o Conselho de Administra­ção da BrasilPrev, empresa de previdênci­a privada. A comissão recomendou que Caetano deixe a BrasilPrev, mas entendeu que ele “não praticou ato em benefício da BrasilPrev”.

O colegiado ainda analisa pedido do PT para que o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB), seja investigad­o, após ter aparecido em intercepta­ção telefônica da Operação Carne Fraca. A comissão avalia se compete ou não a ela analisar o pedido, já que o caso ocorreu quando o ministro era deputado.

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