O Estado de S. Paulo

Venezuela indica que não chamará eleição

- Cláudia Trevisan

A Venezuela indicou ontem que não tem disposição de cumprir as exigências do secretário­geral da Organizaçã­o dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, de libertação de presos políticos, respeito às decisões da Assembleia Nacional e convocação de eleições. Nenhum desses pontos foi mencionado em pronunciam­ento de 45 minutos feito pela chanceler do país, Delcy Rodríguez, durante encontro do Conselho Permanente da instituiçã­o.

Em Caracas, o número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, disse que não é possível realizar eleições nas circunstân­cias atuais. “Não há partido de oposição. Como vamos realizar eleições aqui?”, questionou em entrevista coletiva. “Depois se queixam que há eleições só com o PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela), que é o único partido legal”, observou, em referência à legenda oficial.

Delcy usou o discurso para realizar seu mais violento ataque contra o secretário-geral da OEA, que estava sentado a seu lado. “Almagro é um mentiroso, desonesto, malfeitor e mercenário”, declarou. Há duas semanas, ele divulgou um relatório em que pede a suspensão da Venezuela, caso o país não realizasse eleições no prazo de 30 dias, proposta não discutida pelos membros.

Em resposta à posição de Almagro, um grupo de 14 países, entre os quais o Brasil, divulgou uma declaração, na semana passada, que afirma ser “urgente” a libertação de presos políticos, o respeito às decisões da Assembleia Nacional e o estabeleci­mento de um calendário eleitoral. Mas o documento ressaltou que a suspensão de um país-membro é o “último recurso”.

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