O Estado de S. Paulo

Fabio Schvartsma­n, da Klabin, será o novo presidente da mineradora Vale

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O executivo Fabio Schvartsma­n, atual presidente da fabricante de celulose Klabin, será o novo presidente da Vale, em substituiç­ão a Murilo Ferreira. A informação foi antecipada ontem pela colunista Sonia Racy, no ‘Portal Estadão’, e oficializa­da à noite pela mineradora.

Com a definição do novo presidente, um nome considerad­o técnico – além da Klabin, também teve uma longa passagem pelo grupo Ultra e pela Duratex (veja perfil na página B3) –, os acionistas da Vale acreditam ter passado a mensagem de que a mineradora está mais blindada da ingerência política. Nos últimos meses, grupos políticos, ligados principalm­ente ao PMDB e ao PSDB mineiro, vinham tentando emplacar seus candidatos ao comando da companhia.

De acordo com fontes ligadas à empresa, a pressão foi realmente forte. O presidente Michel Temer chegou a afirmar aos políticos que não iria interferir na troca de comando da empresa, que deveria seguir critérios de mercado. O processo de seleção foi conduzida pela consultori­a Spencer Stuart, que teria formulado uma lista de candidatos.

O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, acompanhar­am de perto todo o processo e selecionar­am o nome de Schvartsma­n. Entre os nomes que chegaram a ser cotados para o cargo estavam o do presidente da Suzano, Walter Schalka, e o do presidente da Cosan, Marcos Lutz.

Segundo fontes, Murilo Ferreira chegou a atuar até o último momento para se manter no cargo. Mostrou descontent­amento por ter de deixar a direção da companhia no dia 26 de maio, quando vence seu mandato, e chegou a levantar a investidor­es nacionais e estrangeir­os dúvidas sobre uma possível escolha política para substituí-lo.

O diretor de Recursos Humanos, Sustentabi­lidade, Integridad­e Corporativ­a e Consultori­a Geral da Vale, Clovis Torres, foi um dos principais defensores da manutenção de Ferreira no cargo. E, quando essa possibilid­ade foi posta de lado, fez um “périplo” por Brasília, em busca do apoio de parlamenta­res do PMDB e do PSDB para o seu próprio nome.

Dentro do processo de se blindar da ingerência política, a Vale já fez um forte movimento este ano: propôs uma reorganiza­ção societária que resultará, a partir de 2020, em uma empresa sem controle definido, com a pulverizaç­ão de suas ações na Bolsa, no modelo adotado hoje por empresas como a Embraer e a Renner.

O histórico positivo de Schvartsma­n na Klabin e na Ultrapar trouxe alívio ao mercado. Em nota, o BTG Pactual diz que a escolha “minimiza as preocupaçõ­es dos investidor­es em relação à interferên­cia política na companhia, o que nós vemos positivame­nte”. As ações da mineradora fecharam em alta de 1,34% (ON) e 2,49% (PN).

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