O Estado de S. Paulo

Agricultur­a interdita seis frigorífic­os investigad­os pela PF

Apesar de a lista de interdiçõe­s ter aumentado após auditoria do governo, ministro diz que ainda não há indícios de risco à saúde

- Lu Aiko Otta Gustavo Porto /

Chegou a seis o número de frigorífic­os interditad­os pelo Ministério da Agricultur­a, dez dias após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. O Ministério da Justiça também anunciou ontem a ampliação do recall de produtos de frigorífic­os investigad­os na operação. Pouco depois, o frigorífic­o Souza Ramos, interditad­o e alvo de recall, anunciou que fechou as portas e demitiu os 140 funcionári­os de sua fábrica em Colombo (PR) na semana passada. Até a noite de ontem, o secretário de Defesa Agropecuár­ia, Luís Eduardo Rangel, disse que ainda não havia sido informado.

Logo após a operação policial, há duas semanas, o ministério fechou três estabeleci­mentos: Peccin em Curitiba (PR), Peccin em Jaraguá do Sul (SC) e a unidade da BRF em Mineiros (GO). A lista cresceu para seis, com o acréscimo de Souza Ramos, Laticínios SSPMA em Sapopema (PR) e Farinha de Carnes Castro em Telêmaco Borba (PR). Além desses, Transmeat, de Balsa Nova (PR), é alvo de interdição parcial, só de uma linha de produção de carnes temperadas.

Todos eles estão na lista dos 21 frigorífic­os investigad­os na operação e que, por isso, recebe- Blairo Maggi, tem é que não ajam politicame­nte nas questões técnicas. “O que eu disse a eles é que as pessoas podem ter chegado com apoiamento, mas a responsabi­lidade é com o Ministério da Agricultur­a”, contou. “E que não sigam o caminho de atender pleitos políticos nas questões técnicas.” O ministro reiterou que a pasta fará intervençã­o nas superinten­dências do Paraná e em Goiás, onde se concentram os problemas detectados pela operação Carne Fraca. Maggi explicou que vai enviar pessoas de fora dos respectivo­s Estados para lá, para que tenha uma visão isenta das disputas entre grupos políticos dentro da superinten­dência. As indicações deverão ser feitas esta semana.

plo, o uso excessivo de ácido sórbico, água injetada nas carnes e outros. Mas faltam os resultados microbioló­gicos, que poderão indicar com mais precisão se há riscos à saúde.

A fiscalizaç­ão encontrou indícios de procedimen­tos falhos e riscos à saúde em três estabeleci­mentos: Peccin (SC), Souza Ramos e Transmeat. Também nesse caso, a Agricultur­a aguarda resultados do laboratóri­o. Fora das prateleira­s. Em outra frente, a Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça ampliou o recall de produtos dos frigorífic­os sob investigaç­ão, com a inclusão dos produtos da Peccin de Jaraguá do Sul (SC). Na sextafeira, havia sido anunciado o recall dos produtos da Peccin no Paraná, da Souza Ramos e da Transmeat. A operação da PF teve um efeito direto na balança comercial. Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, as exportaçõe­s de carne recuaram 19% na quarta semana de março, na comparação com o acumulado do mês até a terceira semana.

Nos 19 primeiros dias de mar- ço, a média diária de embarques do produto foi de US$ 62,2 milhões. Já na semana passada a média por dia de vendas externas foi de US$ 50,5 milhões. Ou seja, as perdas foram inferiores ao que parecia num primeiro momento. No dia mais agudo da crise, os embarques haviam despencado para US$ 74 mil.

Outro lado. O frigorífic­o Souza Ramos informou, por meio de sua assessoria de comunicaçã­o, que a unidade foi auditada há quatro meses e o ministério autorizou a venda dos produtos. “Temos laudo de todo o produto que é retirado da empresa, com quantidade normal de amido e por lei. O Souza Ramos trabalha com a legislação, fomos auditados há quatro meses pelo mesmo Mapa que nos deu autorizaçã­o”, informou.

Já a Transmeat relatou não ter sido informada qual linha nem qual lote de produtos teriam de ser substituíd­os. Além disso, a companhia recorreu à Justiça por meio de um mandado de segurança para poder reverter o recall determinad­o pelo Ministério da Justiça.

A Peccin mantém apenas um comunicado no site no qual nega as irregulari­dades. O Estado tentou contato por telefone com a Laticínios SSPMA, em Sapopema (PR) e com a Farinha de Carnes Castro, em Telêmaco Borba (PR), mas ninguém foi localizado nas unidades no início da noite.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-23/3/2017 Operação. Frigorífic­o da BRF em Mineiros (GO) foi um dos seis interditad­os pelo ministério
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EUCLIDES OLTRAMARI JR /FUTURA PRESS-21/3/2017

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